Ciência e sociedade

Lucros multimilionários do tráfico de drogas foram lavados com criptomoedas, revela Forbes

A maior bolsa de criptomoedas do mundo, a Binance, tornou-se um canal de dezenas de milhões de dólares em vendas de drogas por uma quadrilha internacional que opera nos EUA, México, Europa e Austrália, de acordo com o artigo publicado na 'Forbes'.
Sputnik
As trocas de criptomoedas são frequentemente usadas para lavar dinheiro ilícito e ocultar transações comerciais ilegais, pois essas plataformas são consideradas "não rastreáveis". A Binance também pertencia a esse tipo de plataforma até que as atividades de uma gangue mexicana na plataforma interessaram à Drug Enforcement Administration (DEA), órgão Departamento de Justiça dos EUA encarregado pela repressão e controle de narcóticos.
O autor do artigo, Thomas Brewster, escreve que o caso questiona o título "não rastreável" das transações com criptomoedas, mas acrescenta que a própria Binance agora está cooperando ativamente com a investigação federal de lavagem de dinheiro. No entanto, antes de ser descoberta, a quadrilha internacional de drogas conseguiu fazer entre US$ 15 milhões (cerca de R$ 77,5 milhões) e US$ 40 milhões (aproximadamente R$ 206,6 milhões) em receitas ilícitas por meio deste mercado.
A investigação começou em 2020, quando informantes da DEA souberam de um esquema para trocar criptomoeda por dinheiro por meio de um fórum de negociação das moedas digitais. O autor escreve que o sistema era simples, pois bitcoins ou USDC (moeda estável cujo valor está atrelado ao dólar americano) eram enviados para a conta do vendedor. Depois, o dinheiro era entregue pessoalmente.
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O homem por trás do golpe, o mexicano Carlos Fong Echavarría, foi finalmente preso graças a agentes secretos que localizaram e seguiram seus mensageiros. Juntamente com a Binance, a agência soube que com a criptomoeda Echavarría realizou 75 transações por um total de US$ 4,7 milhões (cerca de R$ 24,3 milhões). Posteriormente, uma das contas aparentemente recebeu dinheiro de Echavarría e continuou o processo de lavagem. Por meio dessa conta, continua o autor, foram feitas 146 compras de criptomoedas no valor de quase US$ 42 milhões (aproximadamente R$ 217 milhões) em 2021 e mais de US$ 38 milhões (cerca de R$ 196,3 milhões) foram vendidos em 117 pedidos de venda. A DEA assume que pelo menos US$ 16 milhões (quase R$ 82,6 milhões) desse valor vieram de receitas de drogas.
A Forbes cita o diretor sênior de investigações da Binance, Matthew Price, um ex-agente de crimes cibernéticos do Internal Revenue Service (IRS) — um serviço de receita do Governo Federal dos Estados Unidos — dizendo que "é um exemplo de como a transparência da transação blockchain funciona contra criminosos".
A investigação confirma a tendência dos cartéis mexicanos de lavar dinheiro com a ajuda de criptomoedas. No entanto, especialistas consultados pelo veículo acreditam que as gangues mexicanas vão continuar movimentando dinheiro pela fronteira em grande escala para confundir os investigadores.
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