Autoridades, aliados e o entorno petista têm receio de que novas tentativas de atos terroristas ocorram nos próximos dias. Há uma pressão, também, para que os acampamentos bolsonaristas no Quartel-General do Exército sejam desmobilizados, segundo informações do jornal Folha de S.Paulo desta segunda-feira (26).
Sousa foi preso no sábado (24), véspera de Natal. Com ele, os agentes encontraram um arsenal composto por duas escopetas calibre 12; um fuzil Springfield calibre 308; dois revólveres calibre 357; três pistolas (duas Glocks e uma CZ Shadow 2); mais de mil munições de diversos calibres; uniformes camuflados; e pelo menos cinco emulsões explosivas (bananas de dinamite).
Arsenal encontrado com George Washington de Oliveira Sousa, suspeito de colocar bomba em caminhão de combustível em Brasília no dia 24 de dezembro de 2022
© Foto / PCDF / Divulgação
Em depoimento prestado à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), ao qual a Sputnik Brasil teve acesso, ele informou ter obtido licenças para comprar as armas e disse que gastou cerca de R$ 160 mil para adquirir os armamentos desde outubro de 2021.
"Desde a eleição do Bolsonaro eu passei a apoiá-lo por acreditar que ele é um patriota e um homem honesto. (...) O que me motivou a adquirir as armas foram as palavras do presidente Bolsonaro, que sempre enfatizava a importância do armamento civil dizendo o seguinte: 'Um povo armado jamais será escravizado', e também a minha paixão por armas, que tenho desde a juventude", declarou à polícia.
Ainda de acordo com o depoimento, a ideia dos bolsonaristas era provocar um estado de sítio em Brasília a fim de impedir a posse de Lula, também com intenção de minar as instalações de rede elétrica da cidade.
A polícia apura o envolvimento de outras pessoas, e mais um suspeito de participação no ato terrorista teria sido identificado.
Nos bastidores do governo de transição, há incômodo com a postura das Forças Armadas em relação ao assunto. O desconforto vem desde o dia da diplomação de Lula, no dia 12, quando bolsonaristas depredaram prédios públicos e incendiaram ônibus e carros. Ninguém foi preso na ocasião.
A data é citada por Sousa no depoimento à polícia. Ele teria conversado com policiais militares e bombeiros, que lhe teriam dito que não interfeririam nos atos de violência contanto que os militantes bolsonaristas não agredissem membros das forças de segurança.
O suspeito de terrorismo teria entendido, a partir daí, que policiais estariam do lado de Bolsonaro e que "em breve seria decretada a intervenção [d]as Forças Armadas".
Integrantes da cúpula do Exército dizem que há intenção de desmontar as estruturas das ocupações no Quartel-General até a próxima sexta-feira (30). A ideia é que o acampamento esteja quase totalmente desmobilizado até o dia da cerimônia da posse. Militares, no entanto, dizem que evitam uma desmobilização à força na tentativa de não acentuar os atritos.
Ontem (25) novos explosivos foram encontrados no Distrito Federal. Os artefatos estavam em uma zona de mata na cidade-satélite de Gama, localizada a cerca de 30 km de Brasília.
Conforme informou o portal UOL, o esquadrão de bombas foi acionado para verificar se o material encontrado de fato era explosivo. Por volta das 22h30, a operação "neutralizou os artefatos por meio de uma detonação controlada".
Segundo a PM, havia coletes balísticos, capas de coletes balísticos e material explosivo.