Panorama internacional

Kissinger sugere razão da 'falta de liderança' do mundo contemporâneo

O ex-secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger chamou a falta de sabedoria dos líderes mundiais de principal razão da falta de liderança contemporânea, comunica o colunista do Wall Street Journal, Walter Russell Mead.
Sputnik
Esclarecendo a opinião de Kissinger, Mead disse que a principal garantia de sucesso de um líder é a capacidade de ultrapassar a diferença entre a opinião pública em seus países e os compromissos inevitáveis na diplomacia internacional.

"O mundo não pode ser tão sinocêntrico quanto a opinião pública chinesa quer que seja, tão democrático ou iluminado quanto muitos norte-americanos gostariam, tão islâmico quanto muitos muçulmanos queriam, tão sensível às questões de desenvolvimento quanto alguns países africanos e latino-americanos queriam, ou tão chocado com a grandeza francesa ou admirado pela liderança moral britânica como os moradores destes países desejariam", escreve o autor.

Ao mesmo tempo, Kissinger teme que restem cada vez menos condições para que surja uma visão sóbria de possíveis compromissos. Os líderes que o ex-secretário de Estado considera como "grandes" - Konrad Adenauer, Charles de Gaulle, Richard Nixon, Anwar Sadat, Margaret Thatcher e Lee Kuan Yew — vieram da classe média, e não das elites, o que lhes deu uma visão mais equilibrada em relação ao mundo.
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No entanto, eles receberam uma educação que os preparou psicologica, intelectual e culturalmente para um trabalho eficaz e disciplinado.

"A questão que preocupa Kissinger é se esse canal não estará sendo destruído - se as instituições educacionais da elite não estarão ensinando menos rigor e disciplina, e se a cultura de altas qualificações não estará entrando em colapso a tal ponto que a sociedade não tem mais a sabedoria necessária para preparar as novas gerações para a liderança".

"Não são só os professores universitários que estão estupidificando a educação. A questão é se a profundidade e o rigor da ciência clássica poderão suportar o desafio de uma cultura mais visual e períodos de atenção mais curtos promovidos pela mídia eletrônica", enfatiza o autor.
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Anteriormente, em seu artigo para o jornal Spectator, Henry Kissinger já expressou suas ideias sobre como ele vê a paz futura entre a Rússia e a Ucrânia, bem como a arquitetura de segurança europeia. O diplomata sugeriu que neste conflito talvez tenha chegado a hora de usar as mudanças alcançadas e transformá-las em uma "nova estrutura" para chegar a um acordo. Ao mesmo tempo, o ex-secretário de Estado considerou inaceitável a ausência da Rússia na nova ordem mundial após o fim do conflito na Ucrânia.
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