A administração do Talibã criticou o príncipe britânico Harry por admitir ter matado 25 pessoas durante serviço militar no Afeganistão.
"Verificamos e descobrimos que nos dias em que o príncipe Harry mencionou o assassinato de 25 mujaheddin, não tivemos nenhuma baixa em Helmand", disse o líder talibã, Anas Haqqani, à Al Jazeera.
"Está claro que civis e pessoas comuns foram os alvos", acrescentou.
Anas Haqqani disse que a história relata pelo príncipe Harry "faz parte dos muitos crimes de guerra dos 20 anos de presença militar ocidental no Afeganistão".
"Não é o quadro completo dos crimes cometidos por eles", afirmou.
Mais cedo, o líder talibã fez uma publicação em suas redes sociais afirmando que afegãos "inocentes eram peças de xadrez" para os soldados, líderes militares e políticos do Reino Unido.
Sr. Harry! Os que você matou não eram peças de xadrez, eram humanos; eles tinham famílias que esperavam seu retorno. Entre os assassinos de afegãos, poucos têm a decência de revelar sua consciência e confessar seus crimes de guerra.
Abdul Qahar Balkhi, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Afeganistão, também criticou os comentários da realeza britânica.
"A ocupação ocidental do Afeganistão é realmente um momento odioso na história da humanidade, e os comentários do príncipe Harry são um microcosmo do trauma vivido pelos afegãos nas mãos das forças de ocupação, que assassinaram inocentes sem qualquer responsabilidade", disse ele.
O Talibã voltou ao poder em agosto de 2021, depois que as tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte e dos EUA se retiraram após 20 anos de ocupação militar no Afeganistão.
Dezenas de milhares de afegãos, muitos deles civis, foram mortos e feridos durante a guerra, e o país nunca se recuperou economicamente. As forças lideradas pelos EUA, assim como o Talibã, foram acusadas de crimes de guerra durante as duas décadas de guerra.
Em seu livro de memórias a ser lançado na próxima semana, Harry revela o número de pessoas que ele matou, 25 no total, durante dois turnos em que serviu no Afeganistão.
No primeiro, como controlador aéreo avançado em ataques aéreos, de 2007 a 2008; depois pilotando helicópteros de ataque Apache em 2012 e 2013.