Ainda no sábado (21), manifestantes incendiaram uma bandeira sueca em Istambul em resposta à queima pública de uma cópia do Alcorão por um ativista anti-islâmico perto da embaixada da Turquia em Estocolmo. O incidente ocorreu em meio a uma disputa diplomática entre Turquia e a Suécia que pode ter repercussões na tentativa do país nórdico de ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
A queima do Alcorão foi protagonizada por Rasmus Paludan, líder de um pequeno partido dinamarquês de extrema-direita chamado Steam Kurs (Linha Dura). A polícia manteve a segurança quando o ativista ateou fogo ao livro. Aqueles que se reuniram em frente ao consulado da Suécia em Istambul mais tarde, no mesmo dia, ficaram indignados com o fato de a polícia sueca ter permitido que o livro sagrado muçulmano fosse queimado.
Turcos queimam uma bandeira sueca do lado de fora da embaixada sueca em Ancara, em resposta à queima do Alcorão do lado de fora da embaixada turca na Suécia
O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, classificou a queima do Alcorão como um "crime de ódio" e instou as autoridades suecas a deter Paludan. As autoridades suecas condenaram o incidente, mas afirmaram que as ações do ativista eram consistentes com as leis que protegem a liberdade de expressão.
"A queima de livros que são sagrados para muitos é um ato profundamente desrespeitoso", disse o primeiro-ministro sueco Ulf Kristersson, estendendo condolências aos muçulmanos. "A liberdade de expressão é parte fundamental da democracia. Mas o que é legal não é necessariamente apropriado".
Ancara tem acusado a Suécia e sua vizinha Finlândia de não cumprir um acordo alcançado em 2022 sob o qual a Turquia — membro da OTAN — concordou em não vetar a adesão dos países nórdicos à aliança. A Suécia, por sua vez, prometeu atender aos pedidos de Ancara para extraditar pessoas suspeitas de ligações com grupos curdos que Ancara vê como organizações terroristas.
No sábado, a Turquia cancelou a visita do ministro da Defesa sueco, Pal Jonson, planejada para 27 de janeiro. A medida ocorreu depois que ativistas realizaram um protesto anti-turco em Estocolmo neste mês, durante o qual uma representação do presidente Recep Tayyip Erdogan foi pendurada de cabeça para baixo em um poste de luz. O Centro da Sociedade Democrática Curda liderou outra manifestação no sábado, que envolveu ativistas pisando em uma faixa com uma foto de Erdogan.