No sábado (21), Rasmus Paludan, líder do partido político de extrema direita dinamarquês Stram Kurs (Linha Dura), queimou uma cópia do Alcorão em frente à embaixada turca em Estocolmo depois de receber uma permissão relevante das autoridades. O Ministério das Relações Exteriores da Turquia condenou o ato, chamando-o de "ataque vil" ao livro sagrado e "outro exemplo do nível alarmante que a islamofobia e os movimentos racistas e discriminatórios atingiram na Europa". A queima do Alcorão também foi condenada pelos ministros das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes Unidos.
"Se você permitir tais ações, não se ofenda, mas você não receberá nosso apoio na questão de ingressar na OTAN. A liderança sueca não deve esperar nosso apoio", disse Erdogan em seu discurso à nação após a reunião de gabinete desta segunda-feira.
Ele enfatizou que aqueles que criam tal "heresia", bem como aqueles que permitem essas ações, devem responder por seus atos.
No início do dia, o ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, também disse que se as autoridades suecas não mudassem sua atitude em relação aos pedidos da Turquia, Ancara poderia vetar a adesão da Suécia à OTAN.
"Se as coisas forem assim, nossa atitude será muito clara e precisa", disse Akar à emissora A Haber.
No dia 18 de maio, no contexto dos acontecimentos na Ucrânia, a Finlândia e a Suécia entregaram ao secretário-geral da aliança um pedido de adesão à OTAN. A princípio, Ancara bloqueou o início da consideração desses pedidos, mas em 29 de junho, Turquia, Suécia e Finlândia assinaram um memorando de segurança trilateral que leva em consideração todas as preocupações de Ancara. A Turquia retirou suas objeções à adesão dos dois países à OTAN. No momento, 28 dos 30 Estados-membros da OTAN já tomaram uma decisão positiva sobre a admissão de países do norte na OTAN, com exceção da Turquia e da Hungria.
No dia 15 de janeiro, Erdogan disse que a Suécia e a Finlândia precisavam extraditar cerca de 130 terroristas para a Turquia se quisessem que o parlamento turco ratificasse suas candidaturas à OTAN.
No sábado, o Ministério das Relações Exteriores da Turquia disse que a ação de Paludan era uma clara violação da obrigação do memorando tripartite, que a Suécia assinou, para impedir a propaganda de organizações terroristas. Além disso, a Turquia cancelou unilateralmente a próxima visita do ministro da Defesa sueco, Pal Jonson, a Ancara, onde deveria discutir o pedido de adesão de Estocolmo à OTAN.