Na próxima terça-feira (31), a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) realizará o "Fórum Agro: Brasil Protagonista", para tratar de um
tema importante para a competitividade do agro brasileiro: a
internacionalização do Green Deal para as cadeias produtivas dos países exportadores para a União Europeia (UE).
A promessa do "acordo verde" (em tradução literal) é estabelecer um plano de ação para tornar a Europa o primeiro continente neutro em termos climáticos até 2050, impulsionando a economia, melhorando a saúde e a qualidade de vida, e protegendo a natureza.
A medida terá impactos diretos e indiretos nas principais cadeias produtivas do agro nacional.
Por isso a Abag reunirá representantes da diplomacia brasileira; do
Congresso Nacional; da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA); das principais associações e cooperativas de setores afetados pela decisão, como os grãos (soja, milho e café) e as proteínas; e do Diálogo Agropolítico Brasil–Alemanha (APD, na sigla em alemão), com o intuito de discutir os desafios dessa iniciativa para a economia e o
agronegócio brasileiro.
A internacionalização do Green Deal pode prejudicar o agronegócio brasileiro no curto prazo ou o setor já emprega tecnologias inovadoras e práticas sustentáveis o suficiente para até se beneficiar do acordo?
Haveria um desequilíbrio nessa proposta, uma vez que os países exportadores deverão se adequar a padrões e objetivos originalmente exclusivos da União Europeia para que ela alcance sua meta climática, por meio de mudanças em cadeias produtivas de seus fornecedores?
Segundo a especialista em gestão do agronegócio Jamile Coleti, professora no curso de administração da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), a partir do Green Deal haverá mudanças "não só na forma como produzimos, mas também como consumimos".
Ela aponta que as críticas ao novo acordo vão desde o custo de adequação, que deve onerar a produção agrícola, até uma possível redução do volume produtivo do agronegócio nacional.
"Há uma preocupação internacional de essas normas se transformarem em metas, e aí o impacto será mundial", alerta.
Por outro lado, Coleti lembra que já existe um movimento entre os principais produtores agrícolas e agropecuários brasileiros de se tornarem mais sustentáveis. Isso já ocorre por uma demanda dos demais países consumidores, mas não de forma tão rígida, segundo a especialista.
Segundo a especialista, órgãos da própria UE já demonstram preocupação pela forma drástica com que o acordo vem sendo estipulado. Coleti diz que muitos deles acusam uma "falta de estudos de impacto e metodologias de mensuração" para a nova proposta.
As formas de fiscalização ainda serão mais detalhadamente discutidas e estabelecidas, explica. Propostas em torno de padrões de segurança, embalagem e composição dos produtos, incorporando as normas à toda a cadeia produtiva, também ainda serão determinadas.
"Resta saber, após o dia 31, quais propostas serão de fato consideradas leis e de que forma serão incorporadas na economia global", disse.