Em encontro com Scholz, Lula defende criação de órgão para discutir paz entre Rússia e Ucrânia
19:17, 30 de janeiro 2023
Nesta segunda-feira (30), o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), recebeu o chanceler alemão, Olaf Scholz, em Brasília. Após o encontro de cerca de uma hora e meia, ambos participaram de uma coletiva de imprensa, onde Lula defendeu a criação de um grupo para negociar a paz entre Rússia e Ucrânia.
SputnikDurante a coletiva, Lula teceu comentários sobre o conflito ucraniano e reafirmou que o Brasil não enviará nenhum tipo de munições à Ucrânia.
"O Brasil não tem interesse em passar munições para que elas sejam utilizadas no confronto entre Ucrânia e Rússia. O Brasil é um país de paz [...]. O Brasil não quer ter nenhuma participação [nesse conflito], mesmo que indireta", disse Lula.
O presidente brasileiro
enfatizou a necessidade de a comunidade internacional fomentar negociações de paz entre Kiev e Moscou e afirmou que tem ouvido
"muito pouco" sobre essa possibilidade. Lula afirmou ainda que
"a Europa passa a ser vítima dessa guerra também", salientando os prejuízos sofridos pelos europeus na área de energia.
"Não sei onde essa guerra vai parar se continuar essa inanição que estamos vivendo", disse Lula, acrescentando que está disposto a conversar com o presidente russo, Vladimir Putin, e também com o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky.
Lula propôs ao lado de Scholz a
criação de um órgão internacional reunindo países interessados em
fomentar as negociações de paz entre Rússia e Ucrânia. Segundo o presidente brasileiro, ele tem levado essa demanda à comunidade internacional e
pretende levantar esse tema durante seu encontro com o presidente norte-americano, Joe Biden. Lula também cobrou a participação da China na busca por essas negociações.
'Vocês fizeram falta, caro Lula'
Em declaração após o encontro, Scholz abriu sua fala lamentando os ataques bolsonaristas ocorridos no início de janeiro.
"Nessa luta vocês podem contar com a solidariedade da Alemanha", disse ao ser questionado por jornalistas sobre os ataques.
Os principais pontos da fala da liderança alemã, no entanto, foram em relação ao acordo Mercosul-União Europeia (UE) e à ênfase na preservação do meio ambiente. Nesse sentido, Scholz
salientou a importância da preservação da Amazônia e a necessidade de ampliação do uso de energias renováveis. Mais cedo, Berlim anunciou a doação de
200 milhões de euros (cerca de R$ 1 bilhão) para ações nos estados amazônicos.
"É uma boa notícia para o nosso planeta que o presidente Lula esteja empenhado em combater a mudança climática", afirmou Scholz, acrescentando que ao Brasil cabe um papel fundamental na preservação da natureza.
Em relação ao acordo Mercosul-UE, o chanceler alemão salientou que já há um número "impressionante" de cerca de mil empresas teuto-brasileiras, mas que a cooperação tecnológica e industrial entre os dois países ainda pode avançar.
Scholz também afirmou que o conflito ucraniano foi tema da conversa privada entre os dois líderes. O chanceler alemão ressaltou que na visão de Berlim esse confronto é um perigo não só para os dois países envolvidos, mas para todo o mundo.
"Estamos felizes por conta de que o Brasil está de volta à cena internacional e está empenhado na integração regional da América Latina. Vocês fizeram falta, caro Lula", afirmou o chanceler alemão.