Conforme informou o jornal O Estado de S. Paulo, na reunião em que foi apresentado o plano de gravar Moraes estavam presentes apenas o senador, o então deputado e o então presidente. A reunião ocorreu em 9 de dezembro, e o convite teria partido de Bolsonaro por intermédio de Silveira. A sede do encontro foi um imóvel ligado ao ex-presidente.
Do Val relatou à PF que Silveira disse que o senador foi convocado porque cumpriria uma "missão importantíssima", que "entraria para a história": a de gravar uma conversa com Moraes e conduzir o diálogo para algo que pudesse alimentar a tese dos bolsonaristas de que o magistrado não teria cumprido devidamente com as funções como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante as eleições de 2022.
"Teria um carro com os equipamentos para fazer a captação do áudio e gravação", disse.
Com isso, a intenção seria a de anular o pleito que sagrou eleito o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O senador disse que Bolsonaro se manteve em silêncio e em nenhum momento "negou o plano ou mostrou contrariedade". "A sensação era que o ex-presidente não sabia do assunto e que Daniel Silveira buscava obter o consentimento", ponderou. Inicialmente, em entrevista à revista Veja, Do Val havia dito que partiu de Bolsonaro uma coação para gravar Moraes. Mais tarde, mudou a versão e responsabilizou Silveira.
O parlamentar disse que o único momento em que o ex-presidente se manifestou foi no momento de encerrar a reunião, após Do Val dizer que precisaria de uns dias para dar uma resposta. O senador conta ainda que relatou o caso ao ministro Alexandre de Moraes.
Lula diz que 'tem certeza' de envolvimento de Bolsonaro em atos violentos
Lula disse em entrevista nesta quinta-feira (2) que está certo de que Bolsonaro se envolveu diretamente nos atos violentos de 8 de janeiro.
"Este cidadão preparou o golpe. Hoje eu tenho consciência e vou dizer aqui em alto e bom som: este cidadão preparou o golpe. [...] Eu tenho certeza que Bolsonaro participou ativamente disso e ainda está tentando participar", afirmou o presidente.
O presidente afirma que seu antecessor "cometeu crimes, ofendeu a Suprema Corte, ofendeu tudo que tinha que ofender e tem que responder por esses crimes".
Bolsonaro é um dos alvos da investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR) que busca apurar os "autores intelectuais" das invasões de apoiadores do ex-presidente em Brasília.