Apesar da queda dos preços do gás recente e um aumento no otimismo econômico, a Alemanha não conseguirá salvar as fábricas, prevê no sábado (4) a agência norte-americana Bloomberg.
Em setembro a Alemanha deixou de receber energia de gasodutos da Rússia. Como nota a agência, a Rússia representava 50% de todas as importações de gás da Alemanha, e mesmo com a recente queda dos preços energéticos, seus custos seguem substancialmente superiores aos de semelhantes centros de fabricação nos EUA e na Ásia.
Assim, apesar de companhias de automóveis alemãs como Mercedes-Benz e Volkswagen conseguirem avançar com a recente melhoria na situação, empresas de produtos químicos, vidro e materiais de construção, como a BASF SE. Dow Inc. e Lanxess AG, deverão despedir milhares de funcionários. Eles não esperam os preços do gás anteriormente garantidos por suprimentos da Rússia.
"Não somos mais competitivos na Alemanha", disse Matthias Zachert, diretor-executivo da Lanxess, em uma recente entrevista coletiva organizada pelo jornal alemão Die Welt. O fabricante de produtos químicos baseado em Colônia planeja manter suas instalações de produção na Renânia do Norte-Vestfália, "mas nossos investimentos, para crescer ainda mais, vão para locais mais competitivos, como os EUA", vaticina.
A BASF anunciou uma redução de investimento de € 500 milhões (R$ 2,78 bilhões, na conversão atual) em outubro, e mantém sua decisão mesmo com uma queda dos preços do gás de 40% desde o recente pico, pretendendo deixar de fazer produtos mais dependentes do gás na sua fábrica em Ludwisgshafen.
Uma pesquisa do final de janeiro da associação química alemã VCI revelou que quase metade das empresas químicas cortarão em 2023 o investimento na Alemanha devido aos custos energéticos, com casos como a produtora de poliestireno Trinseo Plc, que está pensando mesmo fechar. A situação é agravada pelo difícil ambiente externo, com uma desaceleração do crescimento econômico global que impede a subida dos preços para compensar pelos maiores custos.