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Após críticas de Lula, Banco Central volta atrás e produz ata do Copom mais 'amigável' com Haddad

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante assinatura de medidas econômicas no gabinete do Palácio do Planalto, em Brasília (DF), em 13 de janeiro de 2023
Em meio ao clima tenso entre governo e BC, comunicado do Copom dessa semana veio com tom mais harmonioso, levando em consideração políticas do Ministério da Fazenda. Segundo a pasta, Haddad quer divulgar nova regra para contas públicas até abril.
Sputnik
Na semana passada, o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, deixou publicamente clara sua insatisfação com a resistência adotada pelo Banco Central em relação às diretrizes do Ministério da Fazenda. Lula chegou a falar em traição e se referiu ao chefe do BC, Roberto Campos, como "aquele cidadão", o que demonstrou sua irritação com a resistência encontrada dentro da instituição financeira.
Porém, o reconhecimento do Comitê de Política Monetária (Copom), em ata divulgada nesta terça-feira (7) pelo BC, de que o pacote fiscal do governo atenuaria estímulos fiscais sobre demanda foi bem recebida por integrantes da equipe econômica do ministro Fernando Haddad.
Após a divulgação, Haddad disse que o comunicado de hoje (7) foi mais "analítico" e "amigável", de acordo com o G1.
"Veio melhor que o comunicado [do Copom, divulgado na semana passada]. Mais extensa, analítica, colocando pontos importantes sobre o trabalho do Ministério da Fazenda. É uma ata mais amigável em relação aos próximos passos que precisam ser tomados", afirmou o ministro citado pela mídia.
O Copom é um órgão constituído no âmbito do Banco Central do Brasil em 20 de junho de 1996, com as finalidades de estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa básica de juros.
Na segunda-feira (6), Lula afirmou que a taxa de juros aplicada pelo BC era uma vergonha: "É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que eles deram para a sociedade brasileira", disse o mandatário.
Fachada do Banco Central, em Brasília, em foto de 11 de janeiro de 2022
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De acordo com a mídia, na ata do órgão, o BC avaliou que a execução do pacote fiscal do ministro Haddad, anunciado em janeiro, com foco principalmente na alta da arrecadação, "atenuaria os estímulos fiscais sobre a demanda, reduzindo o risco de alta sobre a inflação".
Apesar de uma referência mais clara ao pacote para as contas públicas, o BC observou que "será importante acompanhar os desafios na sua implementação" pelo governo. As medidas ainda precisam ser confirmadas pelo Congresso Nacional.

Esse é mais um capítulo do ambiente de tensões existente entre o governo atual e o Banco Central autônomo chefiado por Roberto Campos, que foi indicado pelo ex-presidente, Jair Bolsonaro, tem mandato fixo até o fim de 2024.
Segundo a jornalista Andréia Sadi, Campos Neto é visto como um potencial candidato à presidência da República pelo campo bolsonarista. Chegou até a ser ventilada uma articulação política no Senado para revogar a autonomia do BC, ou até exonerar Campos Neto.
Entretanto, para o governo Lula, se o presidente eleger o chefe do BC como seu rival e passar "22 meses batendo boca com ele", pode acabar o elencando, com força, como um personagem para a eleição presidencial, relata Sadi.
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