Embora Helsinque tenha indicado ao mundo que continua a considerar a adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) como uma causa comum entre a Finlândia e a Suécia, nos bastidores, as atitudes podem ser bem diferentes.
O país nórdico está pronto para aderir à OTAN sem a Suécia caso a Turquia e/ou a Hungria ratifiquem apenas a candidatura da Finlândia à OTAN, informou a mídia do país, citando várias fontes de alto escalão.
"Temos que admitir os fatos: somos vizinhos da Rússia. A posição geopolítica da Suécia é completamente diferente da nossa", disse uma das fontes.
As fontes disseram que os negociadores finlandeses já haviam chegado a um acordo com a Turquia antes do Natal, e que a questão está, em princípio, resolvida para a Finlândia. O primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, teria sido informado disso.
De acordo com as fontes, apenas o partido da Aliança de Esquerda se opõe à entrada da Finlândia na OTAN sem a Suécia, enquanto o resto está preparado para fazer o movimento.
A informação contrasta fortemente com a retórica oficial, expressa na semana passada, pela primeira-ministra finlandesa Sanna Marin que repetiu durante sua visita a Estocolmo que a Finlândia pretende concluir sua jornada na OTAN do jeito que começou — junto com a Suécia.
No entanto, a população finlandesa discordou, pois, uma pesquisa recente do pesquisador Taloustutkimus indicou que 53% dos entrevistados estavam prontos para que seu país aderisse à OTAN sozinho. Por outro lado, quase metade (28%) disse que a Finlândia deveria esperar a Suécia.
A Turquia, no entanto, disse que não recebeu sinais da Finlândia sobre sua prontidão para ingressar na OTAN sem a Suécia, mas acrescentou que consideraria isso caso tal pedido surgisse.
Em maio de 2022, a Suécia e a Finlândia abandonaram sua política de não alinhamento confiável e apresentaram uma oferta conjunta à OTAN, como vizinhas. No entanto, a candidatura da Suécia enfrenta forte oposição da Turquia após uma série de escândalos e provocações de alto nível, que incluíram uma representação do presidente turco Recep Tayyip Erdogan sendo enforcada e várias queimas do Alcorão em frente à Embaixada da Turquia.
Na semana passada, Erdogan disse que a Turquia não aceitaria a Suécia como membro da OTAN enquanto o livro sagrado do Islã pudesse ser queimado no país. A Finlândia, por outro lado, proíbe violações da paz religiosa e por este motivo lhe foi oferecido um caminho rápido para a aliança.
No entanto, o descontentamento está fervendo na Finlândia. Na tarde de segunda-feira (6), uma manifestação foi realizada na cidade finlandesa de Oulu, onde os participantes agitaram as bandeiras do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que a Turquia considera uma organização terrorista, e um boneco representando o líder turco Erdogan foi empurrado.
Anteriormente, um jornal finlandês publicou uma charge de Erdogan zombando dos pedidos de extradição de Ancara para as nações nórdicas como um pré-requisito para dar luz verde às suas candidaturas. Em troca de aceitar ambas as nações na OTAN, a Turquia exigiu uma repressão aos membros do PKK e outros que considera terroristas, ou seus simpatizantes. Os pedidos de extradição não foram apenas um golpe doloroso para os grupos nórdicos de direitos humanos, mas provocaram uma reação da oposição, acusando seus governos de ir longe demais na tentativa de satisfazer a Turquia.