No seu discurso inaugural na conferência do Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE) sobre manipulação de informação e interferências estrangeiras, Borrell qualificou o Mali e a Eritreia como "países fáceis" para a informação falsa que, segundo ele, a Rússia difunde no continente africano.
"O ministro Lavrov está novamente em turnê pela África. Estes dias, no Mali e Eritreia (bem, países fáceis para eles, mas outros não tanto), tentando espalhar mentiras sobre quem tem a culpa do que está acontecendo [na Ucrânia]", declarou o chefe da diplomacia europeia.
Comentando estas declarações, Lavrov afirmou em uma conferência de imprensa conjunta com seu homólogo do Mali, Abdoulaye Diop, que Borrell "não consegue ocultar o caráter racista de sua visão do mundo". O eurodeputado lembrou ainda que Borrell havia comparado anteriormente a Europa com "um jardim" e o resto do mundo com uma "selva".
Lavrov observa que as recentes declarações de líderes europeus sobre as relações da Rússia com o continente africano refletem "instintos neocoloniais que não se extinguirão" e que claramente impedem o Ocidente de compreender as realidades do mundo moderno, aconselhando os países europeus "a serem mais modestos".
Enquanto isso, a Rússia "não tem nada a esconder nem nada do que se envergonhar", porque o país esteve "nas origens da libertação da África do jugo colonial", acrescentou o chanceler russo.
Além de Borrell, a chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock também foi recentemente acusada de racismo por um tweet controverso em que criticava a visita de Lavrov ao continente africano. Após essa publicação, Ebba Kalondo, porta-voz do presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, acusou o ministério alemão de usar uma retórica colonial "repugnante".