Os alemães que defendem a paz e se opõem ao fornecimento de armas a Kiev devem se organizar em um movimento pela paz, caso contrário a situação se deteriorará ainda mais, incluindo para a Alemanha, argumentou na sexta-feira (11) a legisladora Sahra Wagenknecht ao jornal alemão Die Welt.
No início desse dia, Wagenknecht, membro do parlamento alemão pelo Partido da Esquerda, e Alice Schwarzer, proeminente jornalista feminista alemã, lançaram uma petição no portal change.org intitulada Manifesto pela Paz. Elas instaram Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, a parar de enviar armas para a Ucrânia e iniciar negociações de paz. Até o momento, mais de 75.000 pessoas já assinaram a petição.
"Precisamos urgentemente do movimento pela paz na Alemanha, caso contrário, seremos atraídos cada vez mais profundamente para esta guerra, que deve ser terminada. É necessário negociar para isso, e não fornecer cada vez mais armas", disse Wagenknecht ao jornal.
Ela acrescentou que "se não houver um sinal 'Stop', e se a metade dos alemães que, segundo as pesquisas, não quer suprimentos [de armas] não se manifestar mais explicitamente, então os caças também serão entregues [a Kiev] em um futuro próximo".
Há algumas semanas, foi considerado impossível para a Alemanha estar entre os primeiros países a fornecer tanques, disse Wagenknecht. Agora, explica, caças e mísseis de longo alcance estão sendo discutidos, o que, segundo a legisladora, não acabará com o conflito, mas só levará à sua escalada.
A legisladora também apontou que até agora somente o Vaticano expressou seu desejo de paz, enquanto a Alemanha, a França, os EUA e a União Europeia têm feito apenas exigências irrealistas. Uma proposta realista, de acordo com Wagenknecht, seria um status neutro para a Ucrânia e a criação de uma zona desmilitarizada em regiões contestadas, seguida de referendos sobre sua filiação territorial.
"Se tal proposta tivesse sido feita, e [o presidente russo Vladimir] Putin tivesse se recusado a discuti-la, então seria possível falar de um caminho diferente. Mas como você pode dizer que os russos não querem negociações, se tal proposta não está sequer em cima da mesa?", perguntou a parlamentar.
Sahra Wagenknecht anunciou também que em 25 de fevereiro uma manifestação em apoio à petição teria lugar no centro de Berlim.