Ciência e sociedade

Rússia doa minerais raros para o Museu Nacional no Rio de Janeiro: 'Estamos muito felizes'

A Rússia fez uma doação para o Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na última sexta-feira (10). Tratam-se de duas peças minerais raras: um exemplar de uvarovita e um de charoita. O local planeja abrigar, ainda, um "cantinho russo" para exibir uma coleção de itens só encontrados no país europeu.
Sputnik
Mais antiga instituição científica do Brasil, o Museu Nacional sofreu um vasto incêndio em setembro de 2018. À época, as imagens do fogo causaram comoção e repercutiram no mundo todo.
Com o prédio engolido pelas chamas, a instituição teve 85% de seu acervo destruído. Nele, havia documentos, objetos, fósseis, múmias, mobiliário, coleções de arte e estudos científicos.
Pesquisadores tentam, agora, recompor o acervo por meio de algumas parcerias internacionais.
A Rússia, por sua vez, carrega a fama de possuir "todos os elementos da tabela periódica" em seu território.
De acordo com informações da Agência Brasil, as doações foram feitas pelo colecionador Sergei Mironov.
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Elas são resultado de um diálogo mantido desde o ano passado entre o museu e o cônsul da russo no Rio de Janeiro, Mikhail Gruzdev.
O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, informou que Gruzdev fez uma visita ao museu e levou cópias de documentos históricos, como a troca de correspondências entre cientistas russos e o imperador dom Pedro II.
"Eram cópias de documentos que estão depositados em arquivos de instituições públicas. É interessante, mas estamos procurando peças originais. Não se consegue fazer um museu natural, da envergadura do Museu Nacional do Rio com cópias e réplicas", disse Kellner.
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Kellner disse que pediu ao cônsul uma doação de material etnográfico da Rússia, inclusive minerais e materiais de biodiversidade.
Gruzdev, por sua vez, sugeriu que a parceria se iniciasse com a doação de minerais raros que só existem na Rússia.

"Eles conseguiram para a gente exemplares de uvarovita e charoita", disse o diretor da instituição.

A charoita só é encontrada somente na Sibéria, nas estepes russas. Ela foi descoberta em meados dos anos 1940 no rio Chiara. A pedra foi inserida no mercado há apenas 50 anos.
Ela é roxa e no seu interior, mantém cores preta, marrom, branca e lilás, devido à sedimentação de outros minerais.
Já a uvarovita é uma variedade rara de cor verde, com cristais muito pequenos para serem facetados em gema, embora, em alguns casos, seja incorporada a joias.

"São dois minerais que vão enriquecer as exposições do Museu Nacional e marcam o início de uma parceria que a gente pretende estender."

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'Cantinho da Rússia'

Segundo Kellner, a Rússia demonstrou sensibilidade com o momento difícil pelo qual o Museu Nacional atravessa devido ao incêndio e à consequente perda de acervo.

O diretor afirmou que "tem pensado em, talvez, ter um cantinho da Rússia" no museu, com minerais, material etnográfico e fósseis. "Até brinquei com o cônsul que eu gostaria de ter um mamute. O que interessa é que se estabeleceu o contato, o que é muito importante para a instituição Museu Nacional. Estamos muito felizes."

Caso haja um volume maior de doações provenientes da Rússia, o Museu Nacional cogita a organização de uma exposição sobre ações científicas russas no Novo Mundo no tempo do Império.

"Mas, para isso, para ser uma coisa mais substancial, é preciso ter mais material", disse Kellner.

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