O ex-premiê italiano e líder do partido Força Itália, Silvio Berlusconi, afirmou que nunca teria aceitado se reunir com o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, se tivesse continuado a liderar o governo italiano, e responsabilizou o governante pelo conflito atual no Leste Europeu.
"Se eu fosse o presidente do Conselho [governo italiano], nunca teria ido [negociar com Vladimir Zelensky] porque estamos assistindo à devastação de seu país e ao massacre de seus soldados e civis", afirmou à imprensa depois de votar nas eleições regionais da Lombardia
Quem não vota, não é bom italiano. Estou preocupado com a participação, porque perguntei aos trabalhadores da pesquisa e eles me disseram que ainda não atingiram os 20% nesta seção. A baixa participação também é ruim por causa das consequências que causa.
Perguntado sobre a reunião entre a atual premiê italiana, Giorgia Meloni, e Zelensky, no passado 9 de fevereiro em Bruxelas, no contexto da cúpula dos líderes da União Europeia (UE), Berlusconi criticou a atitude do presidente ucraniano.
"Teria sido suficiente parar de atacar as duas repúblicas autônomas de Donbass e isso não teria acontecido. Então eu julgo o comportamento deste senhor muito, muito negativamente," acrescentou.
Berlusconi, que manifestou em diversas ocasiões o seu apoio ao governo do presidente da Rússia, Vladimir Putin, de quem é amigo, sugeriu que, para se alcançar a paz entre ambas as nações, "o senhor presidente dos Estados Unidos deveria falar com Zelensky e lhe dizer 'no final da guerra terá à disposição um Plano Marshall de seis, sete, oito ou nove milhões de dólares para reconstruir a Ucrânia, com uma condição: que amanhã ordene o cessar-fogo porque não lhe daremos mais dólares e armas'. Só assim poderá convencer este senhor que ordene um cessar-fogo", disse.
Em 19 de outubro de 2022, a agência LaPresse publicou conversas vazadas de reuniões de Berlusconi, nas quais ele afirma que "a guerra é culpa da resistência ucraniana" e critica Zelensky por triplicar os ataques contra Donbass.
Meloni, que assumiu o cargo de primeira-ministra em 22 de outubro de 2022, declarou, através de um comunicado, que lideraria "um governo com uma linha política externa clara e inequívoca" e salientou que a Itália faz parte da UE e da OTAN, e que "quem não estiver de acordo não poderá fazer parte deste governo".
As eleições regionais na Itália, realizadas ontem e hoje na Lombardia e no Lácio, as regiões mais povoadas, são disputadas pelo partido de extrema-direita Irmãos da Itália, a que pertence Meloni; a federalista Liga Lombarda de Matteo Salvini e a Força Itália de Berlusconi.