Nesta quinta-feira (16), a subsecretária de Assuntos Políticos do Departamento de Estado, Victoria Nuland, elevou um pouco o tom sobre a forma como os Estados Unidos pensam que o Brasil tem que se posicionar em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia.
A autoridade, que ocupa o segundo cargo mais alto da carreira diplomática dos EUA, pediu que o "Brasil calce os sapatos da Ucrânia", e que condene a operação russa de forma mais firme. Ao mesmo tempo, Nuland instou o país a seguir a Carta da ONU, segundo a Folha de São Paulo.
"Se [o Brasil] tivesse um grande vizinho pegando pedaços de seu território e o invadindo com militares, esperaria e ansiaria pelo apoio da comunidade democrática para resistir e repelir isso? Trata-se de defender a Carta da ONU e as regras do mundo que permitiram que nossos filhos crescessem em um ambiente internacional relativamente civilizado", declarou a subsecretária citada pela mídia.
Entretanto, Nuland afirmou ao jornal que Washington teve "boas conversas" com o novo governo, tanto durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Casa Branca, quanto ao longo das visitas de delegações americanas ao território brasileiro desde as eleições.
Ela também declarou que Brasil e EUA, bem como outras nações como Egito e África do Sul, "trabalham intensamente" para lidar com as consequências econômicas" do conflito em curso, po exemplo, na questão da necessidade de fertilizantes para garantir a segurança alimentar, relata a mídia.
7 de fevereiro 2023, 12:09
O pedido da subsecretária vai em direção totalmente contrária à posição do Itamaraty, que também hoje (16) através do chanceler Mauro Vieira, disse que mesmo após a declaração conjunta assinada entre Estados Unidos e Brasil, Brasília "não tomou partido de forma alguma" entre Kiev e Moscou, conforme noticiado.
Ainda de acordo com Vieira, Brasília quer "oferecer os nossos bons ofícios" para "tentar encontrar uma forma de negociar um cessar-fogo", com o intuito de trabalhar com outros países "para que haja condições de se fazer algum tipo de movimento que leve a um início de negociação" de paz.
O chanceler também disse que a ideia do grupo de paz – que foi levada a Joe Biden, mas encontrou resistência – também será discutida na Conferência de Segurança em Munique que acontece nesta semana.