"A conferência de Munique [...] chegou tarde demais. A Ucrânia está à beira de perder o conflito, tendo provavelmente perdido mais de 150.000 soldados. A Rússia mostrou sua vontade de negociar durante todo o primeiro semestre de 2022. Os EUA e a Europa se recusaram categoricamente a negociar e apoiaram as declarações inflamadas de Zelensky [...]. Não há mais tempo para uma solução diplomática [...] a única maneira é acabar com o conflito no campo de batalha", disse à Sputnik.
Entretanto, como o especialista observa, a Europa não tem mais armas para fornecer a Kiev. Os países europeus esgotaram seus arsenais e agora carecem de armas até mesmo para seus próprios exércitos.
Ao mesmo tempo, o lançamento da produção industrial de defesa é uma tarefa difícil e lenta, acrescentou Gave.
Os EUA já contribuíram repetidamente somas enormes para apoio militar à Ucrânia, gastando mais em armas do que outros 20 países com grandes despesas militares.
Assim, os Estados Unidos estão tentando travar uma guerra por procuração com a Rússia às custas da Ucrânia e fortalecer seu controle sobre a Europa, acredita o especialista.
Entretanto, de acordo com Gave, é pouco provável que o governo norte-americano possa continuar a gastar o dinheiro dos contribuintes nas necessidades militares da Ucrânia, já que a oposição à entrega de armas a Kiev está se formando nos Estados Unidos.
O especialista também acha "estranho" que a Europa não impeça as declarações de Zelensky sobre a necessidade de resolver o conflito somente por meios militares e de aceitar a Ucrânia na União Europeia (UE) e na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Como resultado, as alegações de vitória iminente de Kiev estão se tornando "cada vez menos realistas" e poderiam sinalizar que a coalizão ocidental está à beira da desintegração, diz Gave, não descartando "o fim da OTAN após a derrota simbólica" do Ocidente.
Contudo, enquanto na conferência de Munique do ano passado Zelensky ameaçou rever a renúncia da Ucrânia às armas nucleares, neste ano os representantes de Kiev exigiram que lhes fornecessem projéteis de fósforo e de fragmentação proibidos em muitos países.
A Conferência de Segurança de Munique foi realizada de 17 a 19 de fevereiro.
A delegação russa não participou pelo segundo ano consecutivo, apesar das preocupações de alguns políticos e especialistas de que a segurança e a paz não podem ser construídas sem diálogo com Moscou. O tema central da conferência foi a crise na Ucrânia.