A ex-primeira-ministra britânica argumentou que o Reino Unido deveria ter "feito mais antes" para conter a retórica do presidente russo Vladimir Putin e supostamente evitar a operação militar especial na Ucrânia. A ironia contida em suas palavras, no entanto, só reforça o fato de que foi Moscou quem chamou atenção para o descumprimento dos Acordos de Minsk — por parte do regime ucraniano — alertando o Ocidente de que tais ações levariam a Rússia a agir em defesa do povo do Donbass.
De acordo com o Politico, Truss, que precisou renunciar rapidamente para evitar uma resposta ainda mais firme e negativa do mercado à sua breve gestão, falou em um debate na Câmara dos Comuns sobre a Ucrânia, algo que tem feito com maior frequência desde que deixou a liderança de Londres.
A ex-primeira-ministra, que foi secretária de Relações Exteriores de Boris Johnson antes de sucedê-lo no principal cargo do país, afirmou que a notícia sobre a operação russa "chegou de forma inesperada". Por outro lado, os alertas de Moscou sobre o que acontecia na Ucrânia chegaram à ONU ainda meses antes de fevereiro de 2022, quando a operação teve início.
Ainda segundo a posição de Truss diante do conflito ucraniano, as sanções ocidentais impuseram um custo econômico à Rússia, mas para ela, Kiev deveria ter sido autorizada a aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
"Fomos complacentes com a liberdade e a democracia depois da Guerra Fria", disse ela. "Disseram-nos que era o fim da história e que a liberdade e a democracia estavam garantidas e que poderíamos continuar vivendo nossas vidas sem nos preocupar com o que mais poderia acontecer", afirmou a ex-primeira-ministra.
De acordo com o Kremlin, ainda no mês de março de 2022, quando Rússia e Ucrânia estavam a algumas rodadas de chegar a um consenso para reestabelecer a paz, o então primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson viajou até Kiev, interrompendo qualquer contato entre os países desde então.
Em sua fala, Truss instou o Reino Unido a fazer tudo o que puder para ajudar a Ucrânia a "vencer a guerra o mais rápido possível", incluindo o envio de caças, um ponto bastante controverso entre os países ocidentais.
O Kremlin tem alertado o Ocidente repetidas vezes sobre a escalada das tensões envolvendo a Ucrânia em função do envio ininterrupto de armamento para o país, salientando que tais gestos têm demonstrado, cada vez mais, que os EUA e seus aliados estão diretamente envolvidos no conflito.
Países como Brasil, China, Índia, México e Irã já demonstraram disposição para mediar as partes do conflito e evitar uma nova escalada. No entanto, os EUA e a União Europeia não ecoam a retórica da paz através do diálogo, mas sim através do endividamento da Ucrânia com o envio de empréstimos vultuosos para o Estado ucraniano e o constante envio de armas que só prolongam o conflito.