Publicado na revista científica Nature Communications, o novo e inovador estudo realizado por uma equipe de pesquisadores detectou um sinal de rádio na atmosfera do Sol que se assemelha a um batimento cardíaco.
Os cientistas analisaram os resultados das observações de micro-ondas da explosão solar que ocorreu em julho de 2017, utilizando o radiotelescópio Matriz Solar Expandida de Owens Valley (EOVSA, na sigla em inglês) na Califórnia.
O EOVSA é usado para observações de rotina do Sol em uma ampla faixa de frequências de micro-ondas de 1 a 18 gigahertz (GHz) e é sensível a emissões de rádio emanadas por elétrons de alta energia na atmosfera do Sol que são acionados por explosões solares.
A equipe notou rajadas de rádio com um padrão de sinal repetindo a cada dez a 20 segundos. O padrão era "como um batimento cardíaco", afirmou o principal autor do estudo, Yuankun Kou.
As rajadas de rádio solar são rajadas intensas de ondas de rádio frequentemente associadas a erupções solares e caracterizadas por sinais repetitivos. No entanto, a origem desses padrões repetitivos, também chamados de pulsações quase periódicas, há muito tempo é considerada um mistério.
A equipe identificou um forte sinal de ondulação quase periódico na base de uma camada de corrente elétrica que se estende por mais de 25.000 quilômetros pela região do flare, onde as linhas opostas do campo magnético convergem, quebram e se reconectam. Esse fenômeno é conhecido como reconexão magnética, que libera a energia que alimenta o flare.
Os pesquisadores também encontraram uma fonte secundária de "batimentos cardíacos" localizada ao longo da camada de corrente esticada, que pulsa da mesma forma que a fonte principal de QPP, e está intimamente associada a ela.
A simulação computadorizada mostrou que ilhas magnéticas ou estruturas semelhantes a bolhas são formadas na camada atual, cujo movimento para a região do flare ocorre com caráter quase periódico.
"O aparecimento de ilhas magnéticas dentro da camada de corrente alongada desempenha um papel fundamental no ajuste da taxa de liberação de energia durante esta erupção. Esse processo de liberação de energia quase periódica leva a uma produção repetida de elétrons de alta energia, manifestando-se como QPPs no micro-ondas e nos comprimentos de onda de raios X suaves", afirma o professor de astronomia no Instituto de Tecnologia de Nova Jersey, Xi Cheng.
Segundo os autores, o estudo permitiu determinar com precisão a origem do QPP em erupções solares e incentiva uma revisão da interpretação de eventos semelhantes registrados anteriormente.