Panorama internacional

Diplomata russo explica por que Ocidente não quer desescalada na Ucrânia

O amplo apoio militar de Kiev e a orientação geral antirrussa do Ocidente complicam a resolução de todas as questões internacionais, inclusive a desescalada na Ucrânia, disse à Sputnik o representante interino da Rússia na União Europeia (UE), Kirill Logvinov.
Sputnik

"Não é apenas a retórica belicosa dos representantes das instituições europeias, mas também as ações concretas dos Estados-membros da UE, sobretudo o apoio militar em larga escala a Kiev, que mostram que o Ocidente não está interessado na desescalada", afirmou.

O diplomata também mencionou o acordo internacional acerca do programa nuclear iraniano – o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês).
Em 2015, o Reino Unido, a Alemanha, a China, a Rússia, os EUA, a França e o Irã chegaram a um acordo que determinou o cancelamento das sanções contra o Irã em troca da limitação do programa nuclear deste país.
De acordo com Logvinov, a orientação antirrussa da UE dificulta a resolução diplomática de muitas questões, inclusive desta.

"Ele [o curso antirrusso] certamente afeta a discussão de todas as questões internacionais, inclusive do JCPOA, o que definitivamente complicará seriamente, se é que não torna impossível, a sua solução diplomática bem-sucedida", disse o diplomata.

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Tudo era previsível

Na conversa com a Sputnik, o representante da Rússia também abordou a questão das sanções.
Em 25 de fevereiro, a UE introduziu um novo e décimo pacote de sanções contra a Rússia, ampliando as restrições pessoais e de exportação, bem como introduzindo novas proibições à mídia russa.
Segundo ele, as novas sanções contra a Rússia eram previsíveis, mas pouco mudam para a Rússia.
"Para Moscou, o conteúdo do décimo pacote de sanções era amplamente previsível. A UE mais uma vez ampliou várias listas negras e restrições ilegítimas às exportações e importações [...] Entretanto, na prática, estas medidas, se falamos do comércio, por exemplo, pouco mudam para a Rússia, porque muitas cadeias de abastecimento foram interrompidas muito antes da introdução das restrições formais, que apenas fixaram o status quo", apontou.
Ao mesmo tempo, Logvinov está certo que o cansaço das sanções impostas à Rússia se acumulará entre as empresas da UE, que têm de encontrar uma maneira de comercializar suas mercadorias, fornecidas antes ao grande mercado russo por décadas.
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Discriminação na 'Europa civilizada'

Ademais, o alto diplomata disse que a política discriminatória da União Europeia contra os cidadãos russos, a violação dos seus direitos, é uma ferramenta de pressão sobre o país que, segundo ele, continuará.
"Mas não vamos fingir que isso [a discriminação] não está acontecendo", enfatizou ele.
O representante acrescentou que, na "Europa civilizada", desde o início da operação especial, os cidadãos russos têm enfrentado discriminação em massa com base na cidadania.
Entretanto, apesar da imposição de sanções, o comércio entre a UE e a Rússia aumentou 2,3%, para € 258,7 bilhões (R$ 1,423 trilhão), em 2022.
A Rússia declarou repetidamente que o país lidará com a pressão das sanções impostas pelo Ocidente desde há vários anos.
Moscou observou que falta ao Ocidente a coragem de admitir o fracasso das sanções contra a Rússia. O próprio Ocidente tem repetidamente argumentado que as sanções são ineficazes.
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