Panorama internacional

Presidente sírio Bashar al-Assad à Sputnik: 3ª Guerra Mundial já está em curso

Na quarta-feira (15), os presidentes russo e sírio, Vladimir Putin e Bashar al-Assad respectivamente, se reuniram no Kremlin para discutir uma ampla gama de questões políticas e econômicas. Sputnik foi a primeira mídia a falar com Assad imediatamente após suas negociações em Moscou.
Sputnik
Em uma entrevista exclusiva, o líder da Síria falou sobre o reconhecimento de Damasco das novas fronteiras da Rússia com os territórios que se juntaram conforme os resultados dos referendos, sobre as perspectivas de expansão da presença militar russa no país, bem como sobre a Terceira Guerra Mundial que já está em curso em prol do Ocidente.

Expansão da presença russa na Síria

O presidente sírio, Bashar al-Assad, chamou a expansão da presença militar da Rússia na República Árabe de uma boa ideia, durante entrevista à Sputnik.
Segundo o presidente da República Árabe, na véspera os lados russo e sírio ao nível dos ministros da Defesa discutiram questões de cooperação militar, mas o tópico específico de bases não foi levantado.

"Acreditamos que se a Rússia quer expandir bases ou aumentar seu número, é uma questão técnica ou logística. Se houver tal desejo, acreditamos que a expansão da presença russa na Síria cai bem, servirá essa ideia", declarou Assad, em entrevista à Sputnik.

Segundo Assad, os partidos têm uma visão comum sobre a questão das bases em termos políticos e militares.
"Não costumamos declarar que tipo de cooperação será entre nós e a Rússia. Porque é uma questão militar, que sempre tem um tipo de sigilo. É normal", disse o líder sírio.
Ao mesmo tempo, o líder sírio expressou confiança de que a presença militar da Rússia não deve ser temporária e limitada à luta contra o terrorismo. "Falamos de equilíbrio internacional, e a presença da Rússia na Síria tem um significado, ligado ao equilíbrio de forças no mundo como um país localizado no Mediterrâneo", sublinhou ele.

Reconhecimento de novas fronteiras russas

Durante a entrevista, Bashar al-Assad lembrou que Damasco reconhece as novas fronteiras da Rússia com os territórios que se juntaram conforme os resultados dos referendos: República Popular de Donetsk (RPD), República Popular de Lugansk (RPL) e as regiões de Kherson e Zaporozhie.
Ele ressaltou que a Síria reconheceu essas regiões antes de se juntarem à Rússia.

"Esta questão estava clara para nós desde o início e não hesitaremos em nossa posição. O posicionamento da Síria é claro e ao mesmo tempo determinado, estamos convencidos desta questão, não apenas por amizade com a Rússia, mas também por se tratar desses territórios", disse o presidente sírio.

3ª Guerra Mundial lançada pelo Ocidente

Também durante a conversa com a Sputnik, o líder sírio tocou o conflito na Ucrânia. Ele declarou que o Ocidente coletivo lançou a Terceira Guerra Mundial, que é travada pelos nazistas na Ucrânia na forma de uma guerra por procuração e por terroristas na Síria.

"Acredito que a Terceira Guerra Mundial está acontecendo, mas é diferente em forma. Quero dizer, guerras mundiais costumavam ser tradicionais. Os exércitos de várias nações agiam contra vários outros. Agora, essa situação existe, mas por causa das armas modernas, especialmente as armas nucleares, há um impedimento à guerra tradicional, então as guerras vão na direção de guerras por procuração."

Segundo ele, hoje Vladimir Zelensky está travando uma guerra em nome do Ocidente com seu Exército composto de nazistas. "O mesmo, terroristas são exércitos agindo em nome do Ocidente na Síria e em outras regiões", acrescentou Assad.
O povo da Síria apoia a Rússia na realização da operação militar especial na Ucrânia, após a vitória da Federação da Rússia, o mundo se tornará mais seguro e calmo, declarou Bashar al-Assad.

Coalizão contra hegemonia dos Estados Unidos

Uma coalizão dos países é necessária para combater a hegemonia dos Estados Unidos no mundo, a Rússia e a China têm uma responsabilidade especial a esse respeito, disse o presidente sírio Bashar al-Assad, em entrevista à Sputnik.

"Não podemos dizer, que existe tal Estado que pode acabar com a agressão americana, que dura pelo menos três décadas desde o colapso da União Soviética ou até mais - desde a Guerra da Coreia. Mas há métodos diferentes. Se estamos falando de atividades políticas, precisamos de uma coalizão entre vários países."

De acordo com ele, há alguns países que podem contribuir para um mundo multipolar.

"A Rússia e a China têm uma responsabilidade considerável a esse respeito. Há países do bloco BRICS, há outros países que começaram a se distanciar dos EUA e perder a fé em Washington, sentindo que os EUA são uma ameaça à estabilidade mundial", acrescentou o presidente sírio.

EUA treinam terroristas na base militar de Al-Tanf

A liderança síria possui evidências de treinamento norte-americano de terroristas no território da base militar de Al-Tanf, disse em entrevista à Sputnik.

"Somos diretamente confrontados com grupos terroristas perto de área de Al-Tanf e, claro, sabemos dos confrontos e dos detidos, e de onde eles vieram. Al-Tanf é um campo terrorista, e não tem outro propósito. O que os Estados Unidos obtêm por estarem nesta área no coração do deserto? Não há dúvida de que eles têm campos terroristas, nos quais há dezenas de milhares com suas famílias", disse Assad.

De tempos em tempos, explicou o presidente da Síria, os terroristas são enviados para realizar aros terroristas conta o Exército sírio. "Temos certeza disso, a evidência está de fato lá", afirmou Assad.
A base militar americana Al-Tanf está situada no sul da província síria de Homs, perto da fronteira com o Iraque e a Jordânia.
Desde 2014, os EUA e seus aliados têm conduzido a Operação Resolução Inabalável contra Daesh (organização terrorista proibida na Rússia) na Síria e no Iraque. Enquanto no Iraque prestam assistência a pedido das autoridades do país, na Síria operam sem a permissão de Damasco.

Relações Síria-Turquia

O presidente da República Árabe não evitou o tema das relações entre Síria e Turquia. Ele declarou que estava pronto para se encontrar com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan somente após a retirada das tropas turcas da República Árabe.

"Quanto ao encontro com Erdogan, está relacionado com a realização de uma fase em que a Turquia estará pronta de forma clara e sem qualquer incerteza para completar a retirada [dos militares turcos] do território da Síria. É como se ela estivesse antes da guerra na Síria. Esta é a única maneira de se encontrar com Erdogan", disse Assad.

Segundo ele, a Turquia desempenhou um papel negativo na guerra na Síria, apoiando organizações que Damasco considera terroristas e levando suas tropas para o território sírio.
Ele observou o importante papel da Rússia na manutenção de boas relações com os lados sírio e turco, e também disse que "confiamos ao lado russo, que desempenhou o papel de intermediário para facilitar esses contatos".

Acordo entre Rússia e Síria

Após as negociações com o presidente russo, Assad relatou a assinatura de um acordo entre a Rússia e a Síria de cooperação econômica e projetos de investimento.
"Agora os projetos estão sob revisão e o acordo será assinado em algumas semanas [...] cada projeto será avaliado separadamente posteriormente. Isso é parte do mecanismo de monitoramento dos projetos."
Durante as negociações em Moscou nos últimos dias, a comissão conjunta discutiu vários projetos, acrescentou. Segundo Assad, esses projetos serão anunciados após a assinatura do acordo.
O presidente sírio chamou as negociações sobre essas questões de uma nova etapa nas relações entre os dois países, observando que o trabalho sobre este acordo durou vários anos.

Síria agradece a assistência humanitária e ajuda do Exército da Rússia

No início de fevereiro, a Turquia e a Síria sofreram um terremoto desastroso. Somente na Síria a catástrofe deixou mais de oito mil mortos e 14,5 mil feridos. Para auxiliar o povo sírio, a agência Sputnik recolheu 25 toneladas de ajuda humanitária e as entregou para as regiões sírias afetadas pelo terremoto devastador. Durante a entrevista, a Sputnik expressou seu apoio ao presidente Assad.

"Agradeci ao presidente Putin e ao governo russo pela ajuda porque o governo russo começou a fazer isso desde as primeiras horas. O Exército russo participou das operações de resgate e essa ajuda continua", enfatizou o presidente sírio.

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