A Rússia, a China e o Irã não estão entrando em uma aliança militar, os exercícios conjuntos Maritime Security Belt-2023 (Cinto de Segurança Marítima) são apenas uma resposta defensiva, aponta um especialista.
O exercício começou na quarta-feira (15) no mar Arábico, e terminará no domingo (19). É previsto que os participantes trabalhem na formação de um esquadrão de navios de guerra multinacional, manobras conjuntas e disparos de artilharia durante o dia e a noite. As manobras também envolverão a prática da libertação de um navio sequestrado, a assistência a navios em perigo e outros cenários.
Do lado da Rússia participará a fragata Admiral Gorshkov, portadora dos mísseis hipersônicos Tsirkon.
Segundo disse Ji Kaiyun, diretor do Centro de Estudos Iranianos da Universidade do Sudoeste chinesa, em uma entrevista à Sputnik, a participação do Irã, da China e da Rússia nos exercícios militares conjuntos no golfo de Omã é uma ação defensiva pacífica, aberta e construtiva, visando garantir a paz mundial, o movimento livre e seguro dos corredores energéticos regionais, e cumprir preocupações humanitárias.
"Este exercício é um sinal de que a interação militar pode desempenhar um papel construtivo", assinalou.
Como explicou Ji Kaiyun, Irã, China e Rússia estão atualmente sob pressão e intimidação dos EUA, o que forçou os três países a aprender a se coordenar para se defenderem juntos. Segundo o especialista, a "autodefesa conjunta" não é a mesma coisa que uma "aliança militar".
"Se os EUA podem implementar suas iniciativas e medidas de manutenção da paz na região, então o Irã, a China e a Rússia também podem. Através destes exercícios, os países também podem construir confiança estratégica mútua para facilitar futuros acordos de cooperação pragmáticos e flexíveis em uma gama de áreas mais ampla. Naturalmente, tal cooperação não pretende evoluir para uma aliança militar ou desafiar a hegemonia dos EUA", comentou Ji.
"A China sempre foi uma campeã da paz no Oriente Médio e um participante ativo no desenvolvimento do Oriente Médio. A China insiste firmemente em apoiar a ordem internacional e não tenta desenvolver medidas destrutivas. A China sempre foi razoável e cortês em suas relações com os EUA."
No início de março, o Irã e a Arábia Saudita assinaram um acordo, mediado pela China, incluindo o próprio presidente Xi Jinping, para retomar as relações, após um colapso em 2016. Na época as relações se deterioraram após o começo em março de 2015 de uma operação militar da coalizão liderada pela Arábia Saudita no Iêmen contra houthis.
Em 2021, o Irã e a China assinaram um acordo de parceria estratégica abrangente histórico por 25 anos. Em janeiro de 2022, o presidente iraniano Ebrahim Raisi concluiu um acordo similar de 20 anos com a Rússia. Os dois países também têm reforçado os laços econômicos, especialmente na área de transporte e infraestrutura.