Panorama internacional

Seul e Tóquio concordam em retomar 'diplomacia de reciprocidade' após cúpula de reconciliação

O presidente sul-coreano e sua esposa devem fazer uma viagem pelo Japão de 16 a 17 de março, uma viagem que marca a primeira visita de um líder sul-coreano à Terra do Sol Nascente em 12 anos.
Sputnik
O presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, e o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, concordaram em retomar a "diplomacia de reciprocidade" e tomar medidas para resolver uma disputa comercial após a cúpula de reconciliação em Tóquio.
Kishida disse a repórteres nesta quinta-feira (16) que "o fortalecimento dos laços Japão-Coreia do Sul no atual ambiente estratégico é urgente". Ele expressou esperança de que a visita de Yoon "aumente a confiança e a amizade e eleve significativamente as relações Japão-Coreia do Sul".
Segundo Kishida, ambos os lados concordaram em reativar o diálogo de defesa e as negociações estratégicas vice-ministeriais, ao mesmo tempo em que reiniciam o processo de comunicação trilateral entre Japão, Coreia do Sul e China.
"As cerejeiras de Tóquio começaram a florescer nesta semana e, após um longo inverno, em termos de nossas relações bilaterais, o Japão agora pode receber o presidente da Coreia do Sul pela primeira vez em 12 anos", observou o primeiro-ministro japonês.
Yoon, por sua vez, elogiou a cúpula de quinta-feira como uma reunião que "tem um significado especial, pois mostra ao povo de ambos os países que as relações entre a Coreia do Sul e o Japão estão começando de novo depois de serem atormentadas por vários problemas".
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Ele acrescentou que os dois países que compartilham os mesmos valores democráticos são "parceiros que devem cooperar em segurança, questões econômicas e agendas globais".
O presidente sul-coreano também destacou o que descreveu como "a ameaça cada vez maior do programa de mísseis nucleares da Coreia do Norte", que, segundo ele, "representa uma enorme ameaça à paz e à estabilidade não apenas no leste da Ásia, mas também para a comunidade internacional [mais ampla]". Yoon pediu a Seul e Tóquio "que trabalhassem juntas e em solidariedade para combater sabiamente a ameaça".
"Os interesses da Coreia do Sul não são de soma zero com os interesses do Japão", enfatizou, acrescentando que "melhores relações bilaterais ajudariam muito os dois países a lidar com suas crises de segurança".
As observações foram feitas depois que o secretário-chefe do gabinete japonês, Hirokazu Matsuno, disse em entrevista coletiva na quarta-feira (15) que Tóquio busca aumentar os laços estratégicos com Seul e espera que os laços bilaterais se desenvolvam com base na amizade e na cooperação conjunta.
"Dada a atual situação estratégica, inclusive para garantir a segurança, contamos com o reforço das relações estratégicas entre o Japão e a Coreia do Sul, assim como entre Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos. Cooperaremos com a Coreia do Sul para realizar o objetivo de uma região livre e aberta para o Indo-Pacífico", disse Matsuno.
Ainda não está claro, no entanto, se ambos os lados vão ser capazes de aderir às decisões da cúpula, dado o histórico anterior de relacionamento difícil de Tóquio e Seul.
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Degelo nos laços Seul-Tóquio

As relações entre dois vizinhos imediatos se deterioraram em 2018, depois que a Coreia do Sul acusou o Japão de usar trabalho forçado durante seu domínio colonial de 1910-1945, que viu especificamente o uso de escravas sexuais em tempos de guerra, as chamadas "mulheres de conforto" e trabalho forçado.
Em novembro de 2018, o tribunal superior da Coreia do Sul ordenou que as empresas japonesas, incluindo a Nippon Steel e a Mitsubishi Heavy Industries, compensassem as vítimas de trabalho forçado, uma decisão que enfureceu Tóquio.
A situação começou a mudar para melhor depois que Yoon assumiu o cargo de presidente da Coreia do Sul em maio de 2022 e estabeleceu um curso para restabelecer os laços com Tóquio, a fim de melhorar as relações bilaterais e a parceria de segurança trilateral com Washington.
Na semana passada, o governo sul-coreano propôs um plano de compensação para as vítimas de trabalho forçado durante o regime de guerra do Japão por meio de uma fundação pública sul-coreana em vez de empresas japonesas, conforme originalmente determinado pelo tribunal. Enquanto algumas das vítimas rejeitaram a proposta, Tóquio acolheu o rascunho do plano.
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