A produção de armas e ogivas de artilharia para a Ucrânia é atualmente impedida pela disponibilidade limitada de explosivos na União Europeia (UE), informou no domingo (19) o jornal britânico Financial Times (FT), citando autoridades e produtores de armas.
As fontes contaram que os poucos suprimentos de pólvora, explosivos plásticos e TNT deixaram a indústria de defesa incapaz de cumprir as encomendas da UE para a Ucrânia, independentemente de quanto dinheiro é investido em resolver essa limitação, o que colocou a nu os estoques de armas "inadequados" da Europa e a fraca capacidade de produção interna.
Um funcionário alemão anônimo disse ao jornal que o problema fundamental é que "a indústria de O europeia não está em boa forma para a produção de guerra em larga escala". Um fabricante estatal tcheco Explosia, um dos maiores fornecedores de explosivos para as fábricas de munições, disse ao jornal que está executando a produção de propulsores para projéteis de artilharia de 155 mm "em plena capacidade", e que não aumentaria a produção antes de 2026.
Executivos e membros da indústria de defesa também advertem que a maior demanda por armas e munições pode aumentar seus preços, que já subiram em cerca de 20% durante 2022. Antonio Caro, CEO da Fabrica Municiones de Granada, um dos dois produtores espanhóis de ogivas de artilharia de 155 mm, disse que o custo da matéria-prima "dobrou e em alguns casos triplicou", com uma ogiva típica custando agora € 850 (R$ 4.803), cerca de 20% mais do que antes do início da operação militar especial da Rússia na Ucrânia.
Outras fábricas europeias que produzem materiais explosivos também estão trabalhando em plena capacidade, tornando necessário "começar a procurar na Índia, na Coreia, em outros países mais distantes", segundo Caro.
Outra questão é que os fabricantes europeus de explosivos não podem aumentar sua capacidade de produção da noite para o dia. Jiri Hynek, presidente da Associação da Indústria de Defesa e Segurança da República Tcheca, disse que poderão ser necessários pelo menos três anos para aumentar a produção de pólvora.