Xi Jinping, presidente da China, realiza uma visita de Estado à Rússia de segunda-feira (20) a quarta-feira (22), a convite de seu homólogo Vladimir Putin. Na véspera da reunião, o líder chinês publicou um artigo na agência russa RIA Novosti e no jornal Rossiyskaya Gazeta, no qual resume os principais eixos nos quais se baseiam as relações bilaterais.
A Sputnik resumiu os pontos-chave do artigo de Xi Jinping.
'Novo capítulo'
Xi Jinping começou seu artigo lembrando que sua primeira viagem como presidente do país asiático foi precisamente à Rússia, um país que ele já visitou oito vezes nos últimos dez anos. Graças às visitas, escreve, "nós e o presidente Vladimir Putin abrimos um novo capítulo na história das relações sino-russas".
O líder chinês sublinhou que a China e a Rússia são parceiros estratégicos que interagem a todos os níveis, grandes potências mundiais e membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, com políticas externas independentes, e que as relações bilaterais são uma das principais prioridades na diplomacia.
Xi vê os sofisticados mecanismos de intercâmbio e contatos de alto nível como um importante acompanhamento sistemático e institucional do desenvolvimento das relações bilaterais.
"Ao longo destes anos, nós e o presidente Vladimir Putin temos mantido estreitas relações de trabalho. Ao longo de mais de 40 reuniões em plataformas bilaterais e internacionais, priorizamos a cooperação prática em todas as áreas, sincronizamos nossas opiniões sobre questões atuais internacionais e regionais de interesse mútuo, e damos o tom para o desenvolvimento sustentável das relações bilaterais", explicou.
Ele referiu que os povos dos dois países se apoiaram tanto financeira quanto moralmente na luta contra o novo coronavírus, provando mais uma vez que "os amigos se conhecem na necessidade".
Xi Jinping também revelou na véspera do 20º aniversário do Tratado de Boa Vizinhança, Amizade e Cooperação entre a China e a Rússia a decisão de prorrogar e atualizar o documento, levando em conta as novas realidades.
A China é o maior parceiro comercial da Rússia
Em suas palavras, Moscou e Pequim defendem o conceito de amizade e cooperação mutuamente benéfica, sendo relações bilaterais baseadas nos princípios das realidades nacionais, do não-alinhamento, não-confrontação e não-agressão contra terceiros.
Xi Jinping assinalou que a China tem sido o maior parceiro comercial da Rússia por 13 anos consecutivos, e que o volume de investimento mútuo entre os dois países continua crescendo.
"Graças aos esforços conjuntos, o volume de comércio em 2022 atingiu um recorde de US$ 190 bilhões [R$ 1 trilhão], aumentando 116% em comparação com os dez anos anteriores", disse ele.
O chefe de Estado apontou projetos de cooperação estrategicamente importantes que estão sendo implementados com sucesso, incluindo nas áreas de energia, espaço, aviação e conectividade de transporte, e o dinamismo da cooperação em áreas mais recentes como a inovação científica e tecnológica, bem como o comércio eletrônico transfronteiriço.
Verdadeira multipolaridade
O presidente da China assegurou no artigo que Pequim e Moscou apoiam firmemente um sistema internacional baseado nos princípios das Nações Unidas e uma ordem mundial baseada no direito internacional, acrescentando que os dois países cooperam em várias plataformas multilaterais como o G20, na parceria econômica-comercial BRICS e na Organização de Cooperação de Xangai (OCX).
"As partes estão dando passos efetivos para implementar uma verdadeira multipolaridade, promovem os valores humanos e defendem o estabelecimento de um novo tipo de relações internacionais e de uma comunidade de destino comum da humanidade", assinalou.
Ele acrescentou que Moscou e Pequim estão fazendo esforços concertados para defender a democratização das relações internacionais.
Posição da China sobre o conflito na Ucrânia
De acordo com o líder chinês, seu país sempre assumiu uma postura objetiva e imparcial, baseada na essência do que está acontecendo, e tem se esforçado ativamente para promover a reconciliação e as negociações de paz.
"A série de visões da situação que eu expressei serve como princípio subjacente da China na regularização do conflito ucraniano. Ela inclui, em particular, a necessidade de respeitar os objetivos e princípios da Carta da ONU e as legítimas preocupações de segurança de todos os Estados, de apoiar todos os esforços para uma regularização pacífica da crise ucraniana, e de assegurar a estabilidade das cadeias globais de produção e abastecimento."
Xi acrescentou que o recém-publicado plano de paz para a Ucrânia leva em conta as preocupações de todos os lados, e reflete, na medida do possível, o ponto de vista da comunidade internacional para superar a crise. Para isso, sugeriu, será necessário que todos os lados sejam orientados pelo conceito de segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável, e continuem o diálogo e as consultas de forma equitativa, prudente e pragmática.
"O ano [chinês] começa na primavera, e o sucesso começa com a ação. Há boas razões para acreditar que a China e a Rússia, como companheiros de viagem no desenvolvimento e renascimento, contribuirão muito para o progresso da civilização humana", conclui o presidente chinês.