A cooperação entre Rússia e África atingiu um novo nível, afirmou o presidente russo, Vladimir Putin, ao discursar durante a segunda Conferência Parlamentar Internacional Rússia-África.
O presidente afirmou acreditar que a África vai se tornar um dos líderes entre as potências que moldam a ordem mundial e que embora os países africanos ainda representem apenas 3% do produto interno bruto (PIB) global, o mundo assiste à economia de muitos deles crescer em ritmo acelerado. Neste sentido, a Rússia representa uma parceria estratégica com os países africanos diante desta nova agenda global.
"Os Estados africanos estão constantemente aumentando seu papel nos assuntos mundiais. Cada vez mais declaram com confiança sua posição na política e na economia. Estamos convencidos de que a África se tornará um dos líderes da ordem mundial multipolar emergente", disse o presidente.
Falando sobre formas de intensificar a cooperação entre a Rússia e os Estados africanos, o presidente indicou várias áreas de interesse mútuo com grande potencial de expansão, incluindo saúde, energia e esfera militar.
Em particular, a Rússia pretende aumentar a cooperação com a África na área da medicina e fornecer medicamentos e laboratórios móveis ao continente. Putin observou que, durante a pandemia de COVID-19, a Rússia foi um dos primeiros países a fornecer grandes volumes de vacinas, sistemas de teste, produtos sanitários e higiênicos e outros suprimentos médicos e humanitários para os Estados africanos.
Além disso, o líder político destacou que a Rússia continua cooperando com os países africanos na esfera técnico-militar.
"A cooperação técnico-militar continua, incluindo o fornecimento de armas russas e equipamentos militares para parceiros africanos", afirmou o mandatário.
Putin acrescentou que Moscou cancelou dívidas de países africanos no valor de mais de US$ 20 bilhões (cerca de R$ 105,5 bilhões) e confirmou aos parlamentares africanos que a Rússia vai continuar ajudando a África com eletricidade e expandindo os sistemas de energia no continente.
Sobre o acordo de grãos do mar Negro — entre Rússia e Ucrânia sob as mediações da ONU e da Turquia —, o presidente destacou que a Rússia insiste na plena implementação do acordo, indicando que apenas 3% das mercadorias vão para a África, enquanto o restante chega aos países desenvolvidos. Segundo o presidente, a Rússia conseguiu enviar quase 12 milhões de toneladas de grãos, apesar de todas as restrições.
O líder russo sublinhou que Moscou está pronta para entregar a quantidade acordada de grãos para a África gratuitamente se o acordo de grãos não for estendido.
Putin também observou que atualmente militares de mais de 20 países africanos estão estudando nas universidades do Ministério da Defesa da Rússia.
Ainda sobre a cooperação entre Rússia e os Estados africanos, Vladimir Putin convidou os líderes dos países africanos a participar de uma nova cúpula na Rússia em julho, dizendo que os preparativos estão em andamento.
"Estamos nos preparando muito seriamente para a segunda cúpula russo-africana [marcada para julho] e, claro, ficaremos felizes em ver líderes de todos os países africanos, bem como chefes de organizações regionais, neste fórum", disse o presidente.