Segundo o especialista, a experiência anterior do bloco deixa lições que deverão ser aprendidas com a liderança de Lula.
O regresso do Brasil e da Argentina à Unasul (União das Nações Sul-Americanas), anunciado oficialmente no dia 6 de abril por ambos os governos, revitaliza o bloco que teve seu maior protagonismo nos primeiros anos do século XXI.
De acordo com o especialista em sociologia e pesquisador do Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica Javier Calderón, a "experiência da Unasul deixa algumas lições" e, por isso, deve ter "algumas alterações".
"A Unasul precisa trabalhar em função de uma integração com projetos comuns para os países, de tal maneira que a ideologia, que foi uma das razões pelas quais Jair Bolsonaro, Iván Duque, Mauricio Macri e Sebastián Piñera saíram do bloco, comece a ficar de lado", afirmou o especialista.
O analista ainda ressaltou que um novo modelo de integração deveria fortalecer a soberania energética da América Latina, o comércio, a economia, entre outros objetivos.
Com a liderança do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o analista acredita que o bloco possa avançar.
"O Lula sabe que deve liderar um projeto que vai além das mudanças de governo em nossos países, e fazer da integração um espaço que interesse tanto a direita quanto os progressistas, a esquerda latino-americana", afirmou.
Para Calderón, o regresso das duas maiores economias da América do Sul "é contundente" e "desafia" diretamente outras nações a "retornarem ao bloco" e iniciarem o processo de reconstrução da Unasul.
A União das Nações Sul-Americanas (Unasul) nasceu com o sonho de reunir os 12 países da América do Sul (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela), mas uma onda de governos de direita a deixou sem oito membros entre 2018 e 2020. A Argentina é a primeira a voltar e poderia ser acompanhada por Brasil e Chile, para se juntarem aos quatro países que nunca deixaram o bloco.