Nesta quarta-feira (12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca em Xangai para uma visita oficial de três dias à República Popular da China. Com agenda intensa de trabalhos, o presidente brasileiro deve se reunir com seu homólogo chinês, Xi Jinping, na sexta-feira, 14 de abril.
Mas o
primeiro evento da agenda oficial de Lula será bastante brasileiro: na quinta-feira (13), o presidente vai prestigiar a cerimônia de posse da nova presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), mais conhecido como Banco do BRICS, Dilma Rousseff.
As ambições programáticas anunciadas pelo governo Lula demandam ampla oferta de capital, que a economia brasileira não é capaz de oferecer. Nesse contexto, o Banco do BRICS poderia ampliar a oferta de crédito a Brasília.
A necessidade de atrair capital pode explicar a
ênfase inédita que a diplomacia brasileira coloca no Banco do BRICS. Em recente
entrevista ao Correio Brasiliense, o chanceler Mauro Vieira declarou que há "interesse prioritário do governo brasileiro no NDB".
A
presença de Dilma na chefia do banco de fato refletirá a importância que o Brasil concede à instituição. No entanto, Ribeiro alerta que a mera presidência brasileira não define os rumos do capital do BRICS.
O sistema de votações do Banco do BRICS difere do adotado por outras instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou Banco Mundial (BM), baseado em cotas desiguais. O estatuto do banco com sede em Xangai prevê que todos os membros tenham direito a um voto e nenhum terá poder de veto.
"A despeito das cotas iguais para todos, na prática, a China e a Índia são os países com maior influência, enquanto o Brasil e a Rússia acabam competindo pela posição de terceira força no banco", revelou Ribeiro.
As ações do banco são divididas igualmente entre Brasil, Índia, China, África do Sul e Rússia, que são seus membros fundadores. Já os novos membros do banco, como Egito, Emirados Árabes Unidos e Bangladesh, têm uma participação menor do que a dos países do BRICS.
O objetivo da China e seus parceiros do BRICS seria "ter mais independência frente ao que temos em bancos organizados em torno da esfera de influência dos EUA" e garantir maior fluxo de investimentos em projetos para os seus países.
"O financiamento de bancos multilaterais tem contrapartidas diferentes das dos bancos privados", notou Ribeiro. "As taxas costumam ser mais baixas, as condições de pagamento melhores e as cláusulas menos draconianas do que as do setor privado."
Logo, o economista acredita que o Brasil tem "todo interesse do mundo" em atrair mais financiamento do Banco do BRICS.
O
Brasil é o país com mais projetos financiados pelo Banco do BRICS. Desde 2020, nove projetos brasileiros foram aprovados, o que representa cerca de US$ 4,4 bilhões (cerca de R$ 220 bilhões) em investimentos,
conforme estimativa do portal Poder 360.
O Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como Banco do BRICS, foi criado em 2014 e tem sede em Xangai. Em 2019, foi aberta a sede do banco em São Paulo. O capital inicial da instituição é estimado em US$ 100 bilhões (cerca de R$ 500 bilhões).