Em Havana, Lavrov conversará com o presidente do país, Miguel Mario Díaz-Canel Bermúdez, e com o seu homólogo, Bruno Rodríguez.
O diretor do Centro de Estudos Ibero-Americanos da Universidade Estatal de São Petersburgo, Viktor Kheifets, explicou à Sputnik o que motivou e o que esperar da visita do diplomata russo à região.
De acordo com o professor, a visita do chanceler russo à região não é uma coisa nova, já que tem parceiros e aliados, como os países que está visitando, sendo o Brasil o parceiro mais importante, inclusive por fazer parte do BRICS.
Além disso, o professor destaca que a Rússia pretende escutar a opinião e o que estes países têm a dizer ao país.
A Rússia sabe que os países latino-americanos não concordam completamente com a Rússia, contudo, estão dispostos a entender o ponto de vista russo, para tentar colocar um fim no conflito na Ucrânia.
Tanto é que o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, foi convidado a mediar e encontrar uma resolução pacífica no conflito, demonstrando o quanto o Brasil é importante para Moscou.
"Mesmo não concordando completamente com a Rússia, Lula definitivamente não concorda com o plano ocidental de 'por fogo no circo' no conflito", destacou o professor.
Tanto que na declaração conjunta entre a República Federativa do Brasil e a República Popular da China, divulgada pelo Itamaraty, o Brasil expressou seu apoio à proposta chinesa para o cessar-fogo na Ucrânia, a qual "oferece reflexões conducentes à busca de uma saída pacífica para a crise".
Falando sobre a influência americana na região e se os países latino-americanos poderiam lidar diretamente com esta situação, o professor voltou a destacar o Brasil.
"Ainda no governo Bolsonaro, manteve sua posição e insistiu para que os fertilizantes russos não fossem adicionados à lista de sanções americanas. Para o Brasil este foi um momento importante para garantir suas exportações agrícolas", destacou.
O professor ainda ressaltou que os países da América Latina manterão suas posições com relação à situação na Ucrânia, ou seja, mesmo não concordando completamente com Moscou, estes países refutam a participação na aplicação de sanções, por saberem que as medidas tomadas pelo Ocidente são de carácter unilateral, ou seja, levam em conta apenas os interesses ocidentais.
Além disso, os países latino-americanos também não concordam com o fornecimento de armas à Ucrânia, tanto que nenhum dos países da região forneceu algum tipo de ajuda no conflito, mesmo sendo pressionados a isso.
Segundo o professor, a turnê de Lavrov pela América Latina foi bem-sucedida, principalmente pelo fato de o Brasil ter um plano de paz para o conflito na Ucrânia, bem como pelo interesse de Cuba em uma parceria econômica com a Rússia e o fato de a Venezuela manter sua posição, mesmo com a pressão americana.
Durante sua vista pela região, o diplomata russo visitou Brasil, Venezuela, Nicarágua e Cuba.