A China está aumentando suas reservas de ouro pelo quinto mês consecutivo porque está se preparando para possíveis futuras sanções, informou um jornal com sede em Nova York, citando especialistas da indústria.
O acadêmico e autor de finanças chinês Sun Xiaoji disse que o Banco Popular da China está ativamente aumentando seus estoques de ouro, já que não descarta um cenário em que seja expulso do sistema global de pagamentos em dólares americanos.
O consultor financeiro que trabalha no Reino Unido Fang Qi, por sua vez, disse à mídia que acredita que o banco central da China reduziu as suas carteiras de obrigações dos EUA e aumentou as reservas de ouro chinês principalmente devido a preocupações com as taxas de rendimento e redução da volatilidade.
Os comentários ocorreram algumas semanas depois que o Banco Popular da China aumentou suas reservas de ouro em cerca de 18 toneladas, após a pausa que ocorreu entre setembro de 2019 e outubro de 2022.
As reservas totais de barras do país atualmente atingiram cerca de 2.068 toneladas, depois de crescer em cerca de 102 toneladas nos quatro meses anteriores a março, conforme informava no início de abril a agência Bloomberg.
No entanto, a doutora em economia Ekaterina Zaklyazminskaya, pesquisadora principal do Centro de Política Mundial e Análise Estratégica do Instituto da China e Ásia Moderna da Academia de Ciências da Rússia, argumentou em uma entrevista à Sputnik que as sanções americanas não são a principal causa de tal movimento de Pequim, já que a China está sob elas há mais de um ano.
"A China quer cobrir os riscos. A instabilidade da economia americana leva a tais decisões. É evidente que o fator político não deve ser excluído."
"China já está sob sanções dos Estados Unidos. É preciso ter em conta o fator econômico, ou seja, por que a China faz tais investimentos em ouro e rejeita os títulos do Tesouro dos Estados Unidos", indagou.
"Estamos presenciando uma remodelação da economia mundial, o formato de uma nova ordem econômica mundial agora é muito ativo. A China começou este processo já há algum tempo. O desejo de desdobramento é observado na China desde 2009, logo após uma grande crise financeira e econômica desencadeada pelos Estados Unidos", explicou a especialista.
E acrescentou: "A China busca aumentar o número de acordos mútuos em moedas nacionais. Em particular, neste momento, a China utiliza liquidações mútuas em moedas nacionais com mais de 30 países do mundo, ou seja, com países como a Rússia, o Irã, a Índia, Cingapura, a Venezuela, a Turquia e a Indonésia."
Os acontecimentos levaram ainda a China a concluir um acordo com o Brasil no final do mês passado para comercializar nas suas próprias moedas, em uma tentativa de abandonar o dólar americano como intermediário.