De acordo com a reportagem do Estadão desta terça-feira (25), uma funcionária do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH) – que atuava no setor durante o governo Bolsonaro – disse em depoimento à Polícia Federal que a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, recebeu em mãos, no fim do ano passado, o segundo kit de joias enviado pelo governo da Arábia Saudita ao ex-presidente, Jair Bolsonaro.
As "joias das Arábias", como ficou popularmente conhecido o caso na imprensa, veio à tona no começo de março, quando foi descoberto que a gestão Bolsonaro tentou trazer de forma ilegal kits de joias preciosas avaliados em R$ 16,5 milhões. Entretanto, ao longo das investigações, outros estojos de joias vieram ao conhecimento público.
Hoje (25), a ex-primeira-dama confirmou que recebeu as joias, porém, não as que estava sendo acusada anteriormente.
"Essas joias que chegaram no Alvorada foram as joias masculinas [do segundo pacote]. Estão associando ao primeiro caso, quando eu falei que não sabia [do primeiro pacote, com joias femininas] e não sei mesmo. Tanto que as primeiras estão apreendidas na Receita e essas do Alvorada estão na Caixa Econômica Federal [devolvidas no mês passado pela defesa de Jair]", afirmou Michelle segundo O Globo.
Essa é a primeira vez que Michelle Bolsonaro admite ter recebido algum estojo. Assim que o caso saiu na imprensa, chegou a se cogitar que uma crise conjugal estava acontecendo entre Michelle e Bolsonaro, uma vez que ela teria dito a dirigentes do Partido Liberal que desconhecia as joias, enquanto membros do governo do marido diziam que as joias eram um presente para a então primeira-dama.
A funcionária do GADH também relatou à PF outro fato inusual que costuma envolver a incorporação de presentes oficiais e que aconteceu no caso das joias árabes, segundo o Estadão.
Em seu relato, a servidora revelou que, em meados de outubro de 2021, quando nenhuma comitiva ou presente tinham chegado ao Brasil, foi aberto um processo no Sistema Eletrônico de Informações (SEI) informando que o Ministério de Minas Energia (MME) enviaria um presente ao presidente Jair Bolsonaro e que se tratava de um "cavalo de ouro". Não havia, naquele momento, nenhuma menção a qualquer conjunto de joias.
O que veio a se revelar depois, durante a abordagem dos auditores da Receita, é que a comitiva do MME trazia, sim, a estátua de um cavalo de ouro, mas que, junto destas, havia duas caixas de presentes estimados em cerca de R$ 18 milhões, se somadas.
À Polícia Federal, a funcionária disse que já atuava naquele departamento há um ano e que nunca havia se deparado com uma situação como aquela, em que um presente é cadastrado antes, com o propósito de "alertar a futura chegada de um presente ao presidente da República".