Na manhã de terça-feira (25), o presidente de 80 anos, o homem mais velho a ocupar o cargo, anunciou que concorreria a um segundo mandato de quatro anos à Casa Branca em novembro de 2024.
Em uma mensagem nas redes sociais, Biden disse que concorreria novamente porque "toda geração tem um momento em que teve que defender a democracia" e "suas liberdades fundamentais" e acredita que chegou a hora.
Possibilidade razoável
Apesar das críticas e das baixas avaliações nas pesquisas de opinião, Biden ainda tem uma chance razoável de ganhar um segundo mandato, observou o professor de história e estudos afro-americanos da Universidade de Houston, Gerald Horne.
"Ele tem 50% de chance de ser reeleito, embora as chances a seu favor aumentem se Trump for seu principal concorrente", disse Horne.
No entanto, as perspectivas de Biden dependeriam, em última análise, de seu histórico na economia e na crise da Ucrânia, acrescentou Horne.
"Uma recessão ou agravamento do conflito na Ucrânia pode comprometer suas chances", reconheceu o especialista.
Biden declarou sua candidatura para 2024 no quarto aniversário do anúncio de sua primeira candidatura à Casa Branca, observou Horne.
"Ironicamente, o governador [Ron] DeSantis, da Flórida, tem mais chances de derrotá-lo, mas agora está atrás de Trump nas pesquisas", disse ele.
Economia: fator vital
O analista financeiro, colunista e ex-banqueiro Martin Hutchinson concordou que o histórico econômico de Biden antes da eleição seria vital.
"A chance [de Biden] de ser reeleito depende da economia entre agora e depois. Se tivermos uma recessão substancial, ele está frito", disse Hutchinson.
Mas mesmo que a economia e outras questões explodam na cara de Biden, ele ainda pode vencer, acredita o analista.
Biden "provavelmente ainda teria 10% de chance de reeleição porque os republicanos poderiam estragar tudo ao gerar uma rebelião anti-Trump massiva caso Trump fosse o indicado", afirmou.
Biden declarou deliberadamente sua intenção de concorrer novamente mais de um ano e meio antes da eleição, a fim de evitar que qualquer adversário sério surgisse em seu próprio Partido Democrata, explicou Hutchinson.
"[Eu] acho que agora é o mesmo timing de 2019. Se ele tivesse adiado [seu anúncio de reeleição], a chance de um rival democrata sério teria aumentado; anunciar agora antecipa isso", disse ele.
Como titular da Casa Branca, Biden também teria a vantagem de não ser enfraquecido antecipadamente por debates intermináveis com outros candidatos de seu próprio partido, como os republicanos teriam de suportar, apontou Hutchinson.
"Não ter debates tornará a vida mais fácil para ele; seu pesadelo seria debater contra [qualquer] adversário sério", disse o analista.
Se Trump se tornasse o candidato presidencial republicano pela terceira vez consecutiva, os democratas tentariam manipular o sistema para evitar expor Biden a quaisquer debates contundentes com ele, acredita Hutchinson.
"Os democratas encontrarão uma maneira de não debater com Trump nas eleições gerais [embora se considere que Trump tenha perdido o primeiro debate com Biden em 2020]", concluiu.
Contraste com Trump
O professor de direito e comentarista político da Universidade George Mason, Francis Buckley, disse à Sputnik que muitos democratas gostariam de saudar mais uma campanha presidencial de Trump, pois acreditam que isso provavelmente os levaria a repetir a vitória sobre ele.
"A estratégia democrata é levantar uma bandeira vermelha diante de Trump para persuadi-lo a concorrer. O anúncio de Biden faz parte disso", disse ele.
Biden também vai se beneficiar por ser percebido como um moderado relativo, enquanto a imagem de Trump continua sendo a de um outsider (considerado de fora do meio político), insurgente e extremista, observou Buckley.
"Biden também está bem-posicionado em uma corrida contra Trump porque todos os outros no partido são de esquerda. Portanto, o que Biden oferece aos eleitores é uma fachada de moderação, enquanto o que ele oferece aos progressistas é uma administração que eles de fato controlarão", disse o especialista.
No entanto, Trump poderia mais uma vez vencer as probabilidades e desafiar as expectativas, como fez tantas vezes antes em sua carreira política meteórica, observou Buckley.
"Há uma chance de Trump vencer. Ele é um candidato melhor do que DeSantis porque, na realidade, ele é menos um 'guerreiro cultural'. E as pessoas estão profundamente cansadas dos democratas", afirmou.
Ucrânia
A Ucrânia é outro fator que pode pesar nas perspectivas de reeleição de Biden, disse o comentarista político e historiador Dan Lazare à Sputnik.
A atual administração está interessada na "vitória na Ucrânia ou pelo menos em um impasse contínuo", acredita o especialista, projetando mais escalada nesta frente.
"Eu colocaria meu dinheiro em mais perturbações do que em menos. A situação na Ucrânia está cada vez mais perigosa e acho que é tolice imaginar que a situação continue como está por mais um ano e meio. Moscou pode ceder, embora eu ache que seja mais provável que Kiev desista", disse ele.
Se assim for, Biden terá uma grande crise em suas mãos e "talvez não consiga sobreviver" a ela, disse Lazare.
O mesmo vale para China e Taiwan, uma região onde os Estados Unidos precisam de "paz, ou pelo menos ausência de guerra", segundo o especialista.