Panorama internacional

Dia da Liberdade de Imprensa: 'Assange segue preso por denunciar violações dos EUA', diz jornalista

Não há grandes chances de perdão a Assange, já que tanto republicanos quanto democratas preferem manter silêncio sobre sua libertação, disse a jornalista investigativa de Nova York, Lucy Komisar, à Sputnik.
Sputnik
Apoiadores de Julian Assange em Washington vão fazer uma manifestação ainda nesta quarta-feira (3) para exigir a libertação do fundador do WikiLeaks da prisão de Belmarsh, no Reino Unido.
A ação coincide com o 30º aniversário do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, comemorado anualmente no dia 3 de maio.
A "declaração de liberdade de imprensa de Washington é [uma ação de] relações públicas" e "a prisão de Julian Assange prova que a 'liberdade' de imprensa é permitida, é tolerada, desde que o jornalista ou editor não ameace o apoio público ou mesmo a conscientização pública da realidade dos EUA na política externa", disse Komisar.
Ela insistiu que "não há liberdade de imprensa quando esta se limita aos apoiadores do governo ou mesmo a críticos fracos, mas não àqueles que mostram evidências públicas dos crimes de guerra da América, como Assange fez em vídeos e reportagens sobre os ataques dos EUA no Iraque".
Quando solicitada a comentar sobre os líderes do México, Brasil e Argentina instando o presidente dos EUA, Joe Biden, a retirar as acusações contra Assange, Komisar disse que "é bom que eles façam isso, mas não acho que os líderes dos EUA se importem".
"Eles consideram os EUA a hegemonia do mundo, então o que os líderes de outros países pensam ou dizem é secundário. Por outro lado, isso é importante como uma indicação da rejeição do Sul Global à falsa afirmação de Washington de que acredita em uma imprensa livre. [...] É uma rejeição da afirmação dos EUA de sua superioridade moral", enfatizou a jornalista investigativa baseada em Nova York.
Sobre a ausência de campanhas de mídia de massa em apoio a Assange, ela disse que "a grande mídia [dos EUA] apoia a linha do governo e, embora alguns façam declarações de apoio ao fundador do WikiLeaks, eles nunca fazem ou se juntam a uma campanha. [...] Esses meios de comunicação e organizações não se comprometem com uma imprensa livre, mas com a política do governo dos EUA".
De acordo com Komisar, em questões relacionadas à política externa dos EUA, a grande mídia norte-americana "muitas vezes é preguiçosa na melhor das hipóteses — 'você dita, nós escrevemos' — ou corrupta na pior das hipóteses".
A jornalista também disse que não acha "uma grande chance para o perdão de Assange" porque "os democratas e republicanos, mesmo os chamados progressistas como o senador Bernie Sanders e a deputada Alexandria Ocasio-Cortez (OAC) nunca mencionam o fundador do WikiLeaks, muito menos pedem por sua libertação".
Komisar sugeriu que o perdão de Assange "só poderia acontecer se as autoridades russas prendessem alguém que os norte-americanos desejassem desesperadamente", incluindo "vários espiões [de alto perfil]".
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Caso Assange

O WikiLeaks foi fundado por Assange no dia 4 de outubro de 2006, mas ganhou destaque em 2010, quando começou a publicar vazamentos em larga escala de informações confidenciais do governo, incluindo documentos vazados sobre crimes de guerra dos EUA no Iraque e no Afeganistão.
Desde abril de 2019, Assange está detido na prisão de alta segurança de Belmarsh, em Londres, enquanto enfrenta processos nos EUA sob a Lei de Espionagem. Se condenado, o fundador do WikiLeaks pode pegar 175 anos de prisão. Em dezembro de 2022, ele apelou ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos para contestar sua extradição.
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