Durante a recente visita do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, os jornalistas japoneses perguntaram diretamente sobre a "mensagem" para as vítimas do bombardeio, mas sua resposta foi vaga, para dizer o mínimo.
Os Estados Unidos permanecem em silêncio sobre o fato de que foram os norte-americanos que realizaram o ataque mais horrível do século XX.
Política dos EUA não prevê desculpas
De acordo com o pesquisador sênior do Instituto da China e Ásia Moderna Oleg Kazakov, a política global opera de acordo com suas próprias leis, onde a ética e a moralidade geralmente não têm lugar.
"Os EUA e o Japão têm uma percepção diferente da história. Para os norte-americanos, está mais do que claro que foi o Japão que atacou seu país. Portanto, os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki foram um ato de retaliação contra o agressor", explica o especialista.
Segundo Kazakov, na compreensão dos EUA foram eles que criaram condições confortáveis para o desenvolvimento do Japão após a guerra. Portanto, todos os sucessos japoneses posteriores, inclusive quando era a segunda maior economia do mundo, os Estados Unidos consideram um mérito seu.
Consequentemente, na mente dos norte-americanos, provavelmente, não há nada pelo que se desculpar, mesmo que as vítimas tenham sido civis.
Até mesmo o presidente Barack Obama, que detém o Prêmio Nobel da Paz, ficou no museu de Hiroshima por apenas dez minutos. E esses minutos claramente não foram suficientes para um arrependimento silencioso, mas sincero.
A agenda da cúpula não é totalmente previsível
"Todos os movimentos dos participantes da cúpula do G7 serão rigorosamente planejados, porque os japoneses são pessoas muito organizados e pontuais. Cada momento da cúpula será previsto em detalhes, inclusive o tempo destinado à visita ao museu. Portanto, é importante: quanto tempo os próprios japoneses (considerando seu entendimento) pretendem reservar especificamente para esse local", disse Kazakov.
Ele sublinha que é difícil dizer como os participantes do evento vão agir, já que Biden viajou para o Japão, apesar de seu país estar à beira da inadimplência, e a Austrália reprogramou a reunião do fórum Diálogo de Segurança Quadrilateral (Quad) para a margem da cúpula em Hiroshima.
Portanto, muito dependerá não apenas dos planos de Tóquio sobre a programação da estadia dos líderes do G7 em Hiroshima, mas também da situação real do mundo.
É pouco provável que haja qualquer alteração na posição norte-americana sobre os bombardeios atômicos. A cúpula de Hiroshima discutirá questões mais importantes para o G7 no momento.