Ontem (28), o atual presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan foi reeleito no segundo turno para mais um mandato, com mais de 52% dos votos, afirmou o chefe do Conselho Supremo Eleitoral da Turquia, Ahmet Yener. Os resultados finais da eleição serão publicados depois de 1º de junho.
Analista político turco Ali Fuat Gokce, da Universidade Gaziantep, acredita que, enquanto a Turquia vai continuar sua atual política externa, será muito importante quem vai tomar o cargo do ministro das Relações Exteriores da Turquia.
Segundo ele, o possível candidato ao cargo é o porta-voz do presidente Ibrahim Kalin que, de acordo com Gokce, é mais pró-ocidental do que o atual ministro Mevlut Cavusoglu.
"No entanto, a Turquia não dará as costas ao Oriente Médio e à Ásia de forma alguma. A política externa da Turquia continuará a seguir um caminho equilibrado", acha o especialista.
Ele aponta que, no momento, as principais áreas da política externa turca são a eliminação do corredor terrorista na Síria, normalização das relações com as autoridades sírias, resolução da crise russo-ucraniana e estabelecimento da paz entre o Azerbaijão e a Armênia.
A interação com a Grécia sobre as ilhas do mar Egeu e a questão do Chipre também são de grande importância para a Turquia.
O cientista político e especialista em relações internacionais da Universidade de Mármara Baris Doster considera o governo atual da Turquia extremamente pragmático, "o que se reflete em sua capacidade de dar uma meia-volta brusca na política externa".
"Há muitos exemplos disso, como as relações com Israel, Catar, Emirados Árabes Unidos, Egito e Arábia Saudita. Quando as relações com o Oriente estão ruins, a Turquia se volta para o Ocidente e, quando as coisas estão difíceis com o Ocidente, ela se volta para o Oriente. Contudo, na situação atual, acredito que o vetor político atual continuará", disse ele.
Erdogan manterá uma política externa independente e multivetorial, mas não "desafiará" os Estados Unidos e não se retirará da OTAN, disse Amur Gadzhiev, pesquisador do Instituto de Estudos do Oriente russo.
Segundo o especialista, as relações russo-turcas "continuarão a se desenvolver pelo curso definido anteriormente".
"Não haverá mudanças radicais na política externa da Turquia, o que significa que o vetor de desenvolvimento das relações russo-turcas não será sujeito a nenhum ajuste importante", enfatiza.
Por sua vez, a cientista especializada em Oriente Médio Alina Sbitneva acredita que a vitória eleitoral de Erdogan é "a opção mais favorável de todas" para a Rússia, mas isso não significa que todas as divergências em relação à Ucrânia e à Síria desaparecerão com a reeleição de Erdogan.