A intenção do presidente venezuelano de que seu país se incorpore ao BRICS pode "ser determinante" para que a nação se fortaleça tanto econômica como geopoliticamente, afirmou a Sputnik o cientista político venezuelano Rommer Ytriago.
O interesse de Caracas em aderir ao bloco que atualmente integra Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul foi manifestado por Maduro durante o encontro que manteve em Brasília com seu parceiro brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.
"A nova geopolítica é caracterizada por dois elementos: a unidade de nossa América na diversidade e o papel do BRICS, que se perfila como o grande imã dos países que querem cooperação", disse Maduro.
"Pelos séculos dos séculos os povos da América do Sul nos negaram, por isso estamos trabalhando na construção de uma nova geopolítica mundial onde prevaleça a união da América Latina como um só povo", acrescentou Maduro.
Embora o desejo da Venezuela ainda deva ser avaliado pelos países do BRICS, Ytriago enfatizou que seria uma oportunidade para reinserir Caracas em "espaços onde era natural e que agora necessita para aliviar as cargas que pesam em matéria econômica".
"É uma grande comunidade, pode significar um grande mercado, inclusive na disposição que há para superar o dólar como moeda de troca econômica", enfatizou Ytriago, especialista em Direito e Política Internacional da Universidade Central da Venezuela.
O analista destacou a contribuição que a incorporação da Venezuela significaria para o "multilateralismo", consolidando "uma nova comunidade" que, "embora reconheça os erros ocorridos no sistema internacional, também dá a entender que todos os atores têm, de algum modo, capacidades exportáveis e aproveitáveis por todos os membros".
Nesse sentido, Ytriago destacou o crescimento do BRICS, organização que no dia 1º de junho se reunirá na Cidade do Cabo para começar a estudar o ingresso de países que pretendem se incorporar, como Argentina, Arábia Saudita, Argélia, Egito, Indonésia, Irã, Turquia, entre outros.
"Uma quantidade de países importantíssimos estão ali e esta adesão te fala de um grande fórum multilateral com vista a ser de projeção econômica", valorizou o analista venezuelano.
Com a liderança do Brasil e a possibilidade da adesão da Argentina, Ytriago disse que o BRICS pode se tornar muito mais relevante na América Latina.
"Tudo isso garantirá um fluxo comercial e econômico e estabilidade social, se aproveitarmos."
Para o especialista, o BRICS "será determinante para a inserção venezuelana em grandes projetos que estão sendo realizados, como a inserção na Nova Rota da Seda da China, o 'colar de pérolas' que também faz parte desses grandes projetos da Ásia e da zona do Indo-Pacífico, assim como a África".
Ytriago lembrou que o país governado por Maduro tem que "fazer um esforço para reabilitar a indústria petroleira", talvez sua carta forte no novo bloco. Mas, além disso, incorporar-se também pode ajudar o país sul-americano a melhorar áreas como o investimento e o gasto público, a infraestrutura, a saúde ou a educação.