Nos últimos dias foi notável a resistência do Congresso ao governo Lula, com MPs quase não sendo aprovadas, convocação de reuniões urgentes feitas pelo presidente e mais de um bilhão em emendas liberadas, em um esforço do Executivo para que não houvesse mais entraves.
Uma das figuras-chaves que capitaneia a resistência ao ser o porta-voz dos deputados é o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.
No encontro entre Lira e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para tentar melhorar a articulação entre Legislativo e Executivo, o presidente da Câmara se recusou a continuar o diálogo com o articulador político do governo porque sentiu que estava sendo comparado a Eduardo Cunha.
Nesse nível, Lira disse que não conversaria mais, de acordo com a coluna de Lauro Jardim em O Globo.
Ao mesmo tempo, Lira se recusou a se reunir com Lula, apesar dos dois terem se telefonado, conforme noticiado. Mas a negativa teve outro motivo: o líder da Câmara não gostou de ter sido convidado "pela imprensa" para a conversa a dois. E afirmou que, desta forma, não iria, diz o colunista.
O "convidado pela imprensa" aconteceu uma vez que, antes do convite oficial, em uma entrevista, o líder petista José Guimarães anunciou que Lula chamaria Lira para uma conversa no Palácio do Planalto.
Ao mesmo tempo, em um encontro entre o senador Eduardo Braga, Lula e Padilha no Planalto, para medir a força do governo na CPI do 8 de janeiro, o presidente da República teria sido surpreendido por um cenário de descontrole, em que os governistas não conseguiriam sequer eleger o presidente do colegiado, perdendo o comando para Lira.
Irritado, Lula questionou: "Como eu não soube disso, Padilha?", diz o colunista.
Na sexta-feira (4), Padilha rebateu críticas sobre seu desempenho como articulador do governo e afirmou que "aqui não há marinheiro de primeira viagem", segundo o G1.
De acordo com o ministro, o governo "sempre" vai trabalhar para melhorar a articulação.
"O que não muda é a disposição do diálogo para discutir com a base e a oposição a aprovação dos projetos prioritários. Esse é um governo que não cria conflitos, não cria guerra desnecessária, como era feito no governo anterior, e vai manter essa relação de muito respeito com o Congresso Nacional", declarou.