A visita do bilionário Elon Musk ao Brasil foi amplamente divulgada pelo governo Bolsonaro, uma vez que o empresário anunciou que sua empresa, Starlink, levaria Internet a 19 mil escolas, principalmente no estado do Amazonas. Entretanto, até o momento, Musk não fechou qualquer acordo com o governo federal e as antenas da Starlink têm sido vendidas para garimpos ilegais na região, segundo o UOL.
Na época, mesmo sem fechar negociação, a companhia doou algumas antenas para dar "uma palinha" do que seria o serviço, mas até agora apenas três escolas receberam o sinal do bilionário e as amostras são vendidas nas redes sociais.
A mídia relata que o serviço chega a garimpos ilegais e antenas da Starlink têm sido apreendidas em operações de fiscalização. Elas podem ser compradas em grupos de garimpeiros no WhatsApp e no Facebook (plataforma proibida na Rússia por extremismo) relata o portal.
Ao mesmo tempo, revendedores não autorizados da empresa praticam preços mais altos que o oficial. No site, a antena é vendida a partir de R$ 1 mil e a mensalidade sai a partir de R$ 184, mas nos grupos chega-se a cobrar mais de R$ 8 mil pelo equipamento.
A venda paralela é ainda mais cara porque permite o uso no exterior, diz a mídia. A Starlink não faz entregas para Venezuela, Suriname e as Guianas, mas garimpeiros brasileiros levam as antenas a estes países, onde o sinal pega normalmente.
"Se levar para outros países como Guiana Francesa e Suriname, em que o pessoal tem procurado muito, fica mais caro", afirmou um revendedor de Boa Vista (RR) que conversou com a mídia sob anonimato.
Além do não investimento na educação amplamente divulgado pela gestão anterior, a qual disse que a meta era conectar 100% das escolas públicas da região Norte até o fim de 2022, as antenas dificultam a fiscalização ambiental.
Segundo a mídia, o garimpo tem abandonado a comunicação via rádio devido ao acesso crescente à Internet, e de acordo com fontes ouvidas pelo portal, os grupos monitoram constantemente a presença dos órgãos ambientais nas áreas protegidas.
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, à esquerda, e o CEO da Tesla e da SpaceX, Elon Musk, apertam as mãos durante uma reunião em Porto Feliz, Brasil, 20 de maio de 2022
© AP Photo / Cleverson Oliveira
Sendo assim, a velocidade na comunicação dos garimpeiros tem aberto brechas na fiscalização. No início do ano o governo instalou um cabo de aço sobre um rio na Terra Indígena Yanomami, para controlar o trânsito fluvial. Em maio esse cabo se rompeu e, na mesma noite, barcos clandestinos passaram pelo local.
A mídia questionou a Starlink – que não tem escritório no Brasil – sobre os planos de conectar escolas e o uso do sinal nos garimpos. A empresa não retornou os contatos no e-mail disponível no site, e o representante legal no Brasil afirmou que não fala em nome da companhia.