A perícia feita pela Polícia Federal no celular do coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, encontrou a minuta de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e alguns "estudos" que, segundo os investigadores, eram destinados a dar suporte a um eventual golpe de Estado, de acordo com a coluna de Malu Gaspar em O Globo.
Nesta terça-feira (6), Mauro Cid – que está preso desde maio – foi convocado a dar novo depoimento justamente pelo material apreendido que ainda não se tornou público. Mas como o outro último depoimento, Cid optou por ficar em silêncio.
Entretanto, no despacho que autorizou a oitiva de Cid, o ministro Alexandre de Moraes diz que o ex-ajudante de ordens "reuniu documentos com o objetivo de obter suporte jurídico e legal para a execução de um golpe de Estado", segundo a colunista.
Ainda de acordo com o texto, o material trata "da possibilidade de emprego das Forças Armadas em caráter excepcional destinados a garantir o funcionamento independente e harmônico dos poderes da União".
Os documentos recolhidos estavam em mensagens trocadas com o sargento Luis Marcos dos Reis, preso junto com ele no início de maio na operação que apura fraudes nos cartões de vacinação. Reis deve ser ouvido nesta quarta-feira (7) pela PF.
Em áudios que já tinham vindo a público, Cid e o ex-major Ailton Barros, também preso, conversam com o coronel e ex-secretário executivo do ministério da Saúde, Elcio Franco, sobre como mobilizar o comandante do Exército para uma intentona golpista. Além da minuta e dos pareceres que recebiam de diversas pessoas, Cid e Reis também trocam ideias sobre como convencer outras autoridades do Exército a aderir ou colaborar com a GLO.
A colunista afirma que a PF trabalha com a hipótese de que o plano fosse editar o decreto de GLO e, depois, a chamada "minuta do golpe" encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres no começo do ano.
O documento apreendido no armário de Torres criava um "estado de defesa" no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e dava a Bolsonaro poderes para interferir na atuação da corte, o que é flagrantemente inconstitucional.
A GLO é uma operação militar que permite ao presidente da República convocar as Forças Armadas em situações de perturbação da ordem pública.
A GLO é uma operação militar que permite ao presidente da República convocar as Forças Armadas em situações de perturbação da ordem pública.