O especialista considerou positivo o fato de haver mais partes interessadas, embora tenha alertado para uma certa contradição com os obstáculos impostos ao Mercosul.
O lítio desempenhou um papel central na visita da Ursula von der Leyen ao Cone Sul da América do Sul.
Isso ficou explícito, pelo menos nas reuniões que ela teve com os presidentes da Argentina, Alberto Fernández, e do Chile, Gabriel Boric.
Com Fernández, com quem se reuniu em Buenos Aires em 13 de junho, von der Leyen assinou um memorando de entendimento para uma Parceria Estratégica sobre Cadeias de Valor Sustentáveis em Matérias-Primas.
Durante sua visita ao Chile, a enviada europeia destacou a importância de finalmente se assinar o Acordo-Quadro Avançado UE-Chile, que está em negociação desde 2015, e enfatizou os programas de cooperação em hidrogênio verde e lítio.
Assim como na Argentina, a chefe da Comissão Europeia expressou o interesse da Europa em "construir cadeias de valor" e "criar valor agregado local".
Em um diálogo com a Sputnik, o analista internacional argentino Juan Alberto Rial considerou que o lítio "desempenha um papel central" na agenda bilateral entre a União Europeia e a região, já que a Europa "está buscando fazer parte da exploração e da cadeia de valor" do elemento químico, um dos atrativos oferecidos pela América do Sul.
Rial destacou o fato de que a Europa está considerando investir na região com projetos que não sejam "meramente extrativos", mas associados a cadeias de valor.
O analista ressaltou que, com a aproximação, a UE está tentando entrar em um campo no qual "a China já se estabeleceu", com diferentes investimentos e parcerias estratégicas com a Argentina, o Chile e a Bolívia, os três países que compõem o chamado Triângulo do Lítio.
Rial considerou que, embora o gigante asiático tenha dado os primeiros passos nesse campo, "isso não significa que ele deva ser o único investidor".
Mesmo assim, resta saber se a Europa pode oferecer "condições melhores do que as oferecidas pela China" para a região, em um contexto em que o continente europeu precisa de suprimentos de energia e alimentos devido aos efeitos do conflito na Ucrânia e às sanções impostas à Rússia.
Nesse contexto, Rial lembrou os problemas que a União Europeia e o Mercosul tiveram para finalizar um acordo de livre comércio, especialmente devido à relutância dos países europeus.
"Há muitos Estados que estão em uma posição muito resistente, como a França, onde conservadores e ecologistas votaram contra por causa de uma política que é militantemente protetora do setor agrícola, uma porcentagem muito pequena da população francesa", disse ele.
Por isso, Rial destacou que, embora a União Europeia "abra canais de diálogo", como os promovidos por von der Leyen, ao mesmo tempo "fecha portas que têm a ver com o comércio, como manter suspenso o acordo com o Mercosul e sancionar as normas que dificultam a entrada de produtos de nossos países no mercado europeu".