Astrônomos analisaram em mais detalhe o exoplaneta em que as temperaturas atingem cerca de 2.400 graus Celsius, quente o suficiente para vaporizar o ferro. No processo, a equipe identificou 11 elementos químicos na atmosfera do planeta, medindo a sua abundância, escreve portal Space.com.
Notavelmente, alguns dos elementos formadores de rochas detectados neste planeta ainda não foram medidos nos gigantes gasosos do Sistema Solar – Saturno e Júpiter.
"Verdadeiramente raro é quando um exoplaneta a centenas de anos-luz de distância pode nos ensinar algo que, de outra forma, seria impossível saber sobre o nosso próprio Sistema Solar", disse em comunicado Stefan Pelletier, líder da equipe e doutor do Instituto Trottier de Pesquisa de Exoplanetas da Universidade de Montreal.
Localizado a cerca de 634 anos-luz de distância na constelação de Peixes, o estranho planeta WASP-76b possui as temperaturas abrasadoras devido à proximidade a sua estrela hospedeira.
O exoplaneta faz uma volta completa em torno da estrela em 1,8 dia terrestre. WASP-76b tem sido alvo de estudo pormenorizado desde que foi descoberto em 2013. Isso levou à classificação de vários elementos em sua atmosfera. Mais impressionante foi a descoberta feita em 2020 onde revelou-se que o ferro vaporizado, no lado do planeta acoplado por maré que enfrenta permanentemente sua estrela, passa para o "lado da noite" relativamente mais frio, que está sempre virado para o espaço, onde o metal vaporizado condensa e cai como chuva de ferro.
Devido às temperaturas incrivelmente altas do WASP-76b, elementos que normalmente formam rochas em planetas rochosos como a Terra, tais como magnésio e ferro, são vaporizados e estão na forma de gases na atmosfera superior do planeta.
Isso significa que estudar este planeta pode fornecer aos astrônomos dados sem precedentes da presença e abundância de elementos formadores de rochas na atmosfera de planetas gigantes. Tal não é possível fazer em planetas gigantes mais frios, como Júpiter, pois esses elementos ficam na atmosfera inferior, o que os torna impossíveis de detectar.