As sanções do governo Biden contra a Rússia por causa da Ucrânia aceleraram a desdolarização, disse o acadêmico.
Em um discurso ao parlamento do Djibuti, na semana passada, o presidente queniano William Ruto questionou por que as nações africanas usaram a moeda americana para o comércio bilateral, e enfatizou aos parlamentares que "não devemos envolver o dólar americano em atividades comerciais locais".
"É interessante a rapidez com que esse desenvolvimento para se afastar do dólar está ocorrendo", disse Rasmus à Sputnik. "Está meio que acelerando em todo o mundo. [...] Há muito interesse se multiplicando em toda a África para se tornar mais independente do império capitalista global dos EUA, e isso [afastamento do dólar] é apenas um reflexo disso. E a mesma coisa vai acontecer na Ásia, muito mais bilateral", observou o doutor.
De acordo com o economista, parte dessa tendência é percebida com o número crescente de países que se candidatam para ingressar no grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
"Mais países começarão a usar sistemas de pagamentos internacionais alternativos ao sistema SWIFT dominado pelos EUA", previu Rasmus. "Portanto, o império comercial econômico global dos EUA aqui está em profunda ruína, e essa tendência continuará e parece que está se acelerando."
A medida da hegemonia do dólar caiu de 85% das reservas monetárias nacionais em todo o mundo na década de 1970 para 58% agora. O acadêmico disse que "o trem saiu da estação" e não havia nada que Washington pudesse fazer para reverter esse deslize.
Ainda de acordo com Rasmo, a sentença de morte para o dólar foram as sanções sem precedentes do Tesouro dos EUA à Rússia, o maior produtor mundial de energia e alimentos, após anos instigando o conflito da Ucrânia com Moscou.
"Você tem que lembrar o que precipitou tudo isso. As sanções dos EUA fizeram isso, e o resto do mundo olhou em volta e disse 'nossa, você sabe, podemos ser os próximos. É melhor fazermos alguns movimentos aqui para nos protegermos'", disse Rasmo. "O governo Biden, a história mostrará, deu um tiro em ambos os pés com as sanções e sua guerra por procuração na Ucrânia."
Para o acadêmico os EUA estão tentando "dar a volta por cima" e manter seus "aliados e vassalos econômicos" como Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia — "mas também está perdendo o controle do resto."