Panorama internacional

Analista: lutando pelo Sul Global, França busca ter voz em estruturas globais do futuro como BRICS

Apoiadores da chamada operação Wuambushu, que visa expulsar migrantes, se reúnem em um estádio de futebol em Chirongui, no território francês de Mayotte, Oceano Índico, 27 de abril de 2023.
A Rússia tem afastado os interesses da França na África, e Paris, que é sensível a isso, está buscando novas estruturas globais, como o BRICS, disse à Sputnik a especialista em relações internacionais e doutora em História Yevgenia Obichkina.
Sputnik
Os países do BRICS estarão representados em Paris em uma cúpula sobre um novo pacto financeiro entre o Norte e o Sul nos dias 22 e 23 de junho, mas a Rússia não foi convidada.
Anteriormente, foi relatado que o presidente francês Emmanuel Macron havia solicitado ao presidente sul-africano Cyril Ramaphosa a oportunidade de participar da cúpula do BRICS em Joanesburgo, em agosto próximo.

"Agora que todos estão lutando pelo 'Sul Global', a França está agindo no interesse da política europeia [...]. Ela considera possível que sua diplomacia apresente tais iniciativas. Ela está competindo com a Rússia, mas não no que diz respeito [diretamente] ao BRICS [...]. A competição é pela África", disse a especialista.

Bandeiras dos cinco países que compõem o BRICS tremulam na frente de uma aeronave da Air China na qual o presidente chinês Xi Jinping chegou para participar da cúpula do BRICS em Goa, Índia, 15 de outubro de 2016
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Obichkina explicou que no continente africano a Rússia afastou significativamente os interesses franceses e que "a França é muito sensível a isso".

"Agora se trata mais de encontrar maneiras de entrar nas estruturas globais de amanhã. E é desejável que essas estruturas não sejam formadas em detrimento da União Europeia, ou seja, não em detrimento da França", comentou ela a iniciativa de Macron.

Ela acrescentou que a soberania da França sofre com o unilateralismo dos EUA, especialmente com as sanções extraterritoriais e sanções secundárias contra empresas e bancos franceses.
Ao mesmo tempo, a França está totalmente integrada ao sistema financeiro internacional e as contradições entre a Zona do Euro e os EUA não são totalmente antagônicas, de acordo com Obichkina.
Ela acredita que a França quer evitar uma divisão entre o Norte e o Sul e que sua política tem como objetivo "superar os fenômenos da crise da globalização".
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