Segundo Mozhin, o FMI tem fundos suficientes para apoiar
os países que precisam, mas muitos deles se encontram em uma grave crise de endividamento.
"Acontece que os empréstimos do fundo aumentam ainda mais a dívida pública desses países", explica ele.
Portanto, é necessário "reduzir a dívida pública, reestruturá-la, amortizá-la parcialmente", o que é complicado pela existência de diferentes categorias de credores, inclusive organizações internacionais, países individuais que concederam empréstimos bilaterais entre Estados e credores comerciais que simplesmente compram títulos do governo.
Além disso, muitos países em todo o mundo, inclusive os do Ocidente, se encontram em uma situação crítica devido aos altos níveis de dívida pública, disse Mozhin.
Mozhin indicou que anos de políticas fiscais e monetárias irresponsáveis, o bombeamento de dinheiro para a economia para reanimá-la, foram a raiz da situação atual da dívida pública e da inflação.
O diretor cita como exemplo o Japão e Itália que evitavam a inadimplência por muito tempo e cujas economias não crescem há 30 anos e 20 anos respectivamente.
"Em primeiro lugar, tudo isso é consequência do enorme nível de dívida dos países. E hoje a Europa está quase toda endividada: o Reino Unido, França, Espanha, Portugal, sem falar na Grécia e na Itália", explica.
Ele enfatizou que "uma economia doente é curada pela dor" e não há outra maneira, mas, em sua opinião, o Ocidente não poderá lidar com os desafios atuais porque é
"dominado pelo populismo".
"A Europa se transformará gradualmente em um país de renda média. É uma tragédia, mas não vejo a capacidade dessas autoridades de permitir políticas dolorosas."
Ao mesmo tempo, no momento, a China é o
maior credor bilateral dos países em desenvolvimento e o Ocidente está fazendo todos os esforços para forçar a China a baixar suas reivindicações o máximo possível, de acordo com o diretor-executivo russo.
Mozhin sublinhou que a estrutura da dívida no mundo se transformou muito com o declínio da participação dos "membros ocidentais do Clube de Credores de Paris", de que o Brasil faz parte, e a ascensão da China, que se tornou "o
principal credor de todos os países em desenvolvimento".
Mas o especialista indica que a China "não é inimigo desses países pobres", já que os bancos chineses financiam "projetos concretos – construir um novo aeroporto ou um porto marítimo".
Falando da
desdolarização da economia global, o diretor disse que os próprios Estados Unidos criaram uma situação em que o mundo começou a buscar alternativas ao dólar norte-americano.
Em particular, outras moedas nacionais estão sendo cada vez mais usadas em todo o mundo, principalmente o yuan chinês.
Ele acrescentou que o dólar é uma moeda nacional emitida "para o interesse nacional e para as
obrigações econômicas e financeiras de um país". Portanto, é errado que ele tenha sido tão amplamente usado e aplicado em todo o mundo.
Segundo Mozhin, o fato de o Ocidente usar o dólar como uma arma faz com que a fragmentação da economia global seja inevitável e o papel do FMI tenha de mudar em meio a essa fragmentação.