O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta segunda-feira (26) com o presidente da Argentina, Alberto Fernández e anunciou que pretende lançar um plano com "quase 100 ações" para retomar uma "aliança estratégica" com a Argentina durante a quarta visita de Fernández ao Brasil neste ano.
Maiores parceiros comerciais do Brasil na América do Sul, os argentinos enfrentam uma grave crise econômica, com desvalorização da moeda nacional, perda do poder de compra e altos índices inflacionários. A situação de Buenos Aires se agravou após a crise de abastecimento das cadeias produtivas pós-pandemia de COVID-19 aliada a uma seca histórica que afeta as safras de grãos no país, aprofundando ainda mais a crise e colocando em risco as metas acordadas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) no pagamento das despesas.
Lula tem articulado iniciativas de ajuda ao país vizinho, principalmente para evitar queda nas exportações brasileiras. No mês passado, no Japão, o presidente conversou com a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, sobre a situação econômica da Argentina, além de buscar apoio junto ao NDB do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
O presidente brasileiro afirmou ainda que "não faz sentido" as empresas brasileiras perderem espaço no mercado argentino, e acrescentou que é preciso "maior integração financeira" entre os dois países.
"Estamos trabalhando na criação de uma linha de financiamento abrangente das exportações brasileiras para a Argentina. Não faz sentido que o Brasil perca espaço no mercado argentino para outros países porque esses oferecem crédito e nós não", disse Lula.
O presidente declarou ainda estar "muito satisfeito" com as "perspectivas" de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a construção do gasoduto Néstor Kirchner — nome do ex-presidente argentino — gasoduto vai ligar o campo de gás Vaca Muerta, em Neuquén, à localidade de Salliqueló, na província de Buenos Aires.
A visita de Estado desta segunda-feira ocorre a convite de Lula no contexto de celebração dos 200 anos das relações diplomáticas entre os dois países. A Argentina foi o primeiro país a reconhecer a independência e estabelecer relações com o Brasil. De acordo com a Agência Brasil, o governo brasileiro ainda atribui caráter "estratégico e prioritário" às relações com o país vizinho, "eixo fundamental do Mercosul [bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai] e do processo de integração sul-americana".
Segundo o Itamaraty, a Argentina é o terceiro principal parceiro comercial do Brasil. Em 2022, as exportações brasileiras para a Argentina alcançaram o valor de US$ 15,3 bilhões (cerca de R$ 79,5 bilhões). As importações de produtos argentinos, por sua vez, chegaram a US$ 13 bilhões (aproximadamente R$ 67,5 bilhões).