"Os militares chineses acrescentaram recentemente um cenário de 'guerra total' ao testar e avaliar o desempenho de novas armas, já que o risco de conflito militar entre a China e os Estados Unidos atingiu o nível mais alto em décadas", informa o jornal citando cientistas envolvidos no projeto.
Na concepção dos militares, a guerra total significa que todos os recursos e esforços disponíveis de uma nação são mobilizados para a vencer.
Ela envolve não apenas os militares, mas também a população civil e a economia, como ocorreu na Primeira e na Segunda Guerras Mundiais.
"Em sua última avaliação de navios de guerra, os cientistas da Marinha chinesa designaram o cenário catastrófico com a letra Z", destaca o artigo.
O artigo explica que na China, a avaliação do desempenho das armas convencionais envolve jogos de guerra baseados em computador e testes de campo.
Os cenários se concentram principalmente na avaliação das capacidades de combate das armas em um conflito regional, como a intervenção militar direta de dois ou mais grupos de porta-aviões estrangeiros em torno de Taiwan ou no mar do Sul da China.
Mas, no que diz respeito ao cenário Z, "há um choque de forças estratégicas. O conflito regional se transforma em uma guerra total", escreve o South China Morning Post citando o pesquisador militar Fang Canxin do Exército de Libertação Popular chinês.
A unidade de Fang é responsável pelos testes no mar de algumas das mais poderosas armas navais da China, diz o artigo.
O cenário Z foi mencionado pela primeira vez em um artigo da revista Chinese Journal of Ship Research, publicado neste mês.
Fang e seus colegas não mencionaram nenhum país, mas o South China Morning Post nota que o equipamento inimigo, que no artigo foi chamado de "aliança azul", pertence à Marinha dos EUA e seus aliados.
O estudo da equipe de Fang prevê o possível resultado de um confronto militar direto entre a China e os EUA.
O resultado mostra que, além da perda de grande número de navios, o custo de uma guerra total pode incluir "a perda de milhões, ou até bilhões, de vidas e danos extensos à infraestrutura, como cidades, sistemas de transporte, redes de comunicação e instalações industriais".
Usando as armas nucleares, as consequências da guerra afetariam o ecossistema, a agricultura e o meio ambiente em geral, o que pode levar à escassez de alimentos, mutações genéticas e taxas mais altas de câncer e outras doenças, aponta o estudo.
As relações entre a China e os Estados Unidos se encontram em um estado extremamente tenso.
A visita do secretário de Estado Antony Blinken a Pequim nos dias 18 e 19 de junho deste ano tinha o objetivo de amenizar as diferenças, mas, logo após seu retorno, o presidente dos EUA, Joe Biden, usou a palavra "ditador" em referência ao líder chinês Xi Jinping.
A declaração provocou forte indignação de Pequim, que repreendeu Washington por sua hipocrisia.