"Não consigo imaginar uma nova ampliação [da União Europeia] na próxima década", cita a publicação um diplomata europeu que representa um dos países que defendem uma abordagem racional para uma ampliação, como Alemanha, Itália e Países Baixos.
O jornal escreve que o longo processo de adesão de novos membros à UE está associado a riscos nas esferas econômica e social.
O Le Monde observou que a adesão da Ucrânia, "um país muito pobre e muito corrupto com 42 milhões de pessoas", pode mudar a estrutura da UE.
"O número líquido de países europeus beneficiários do orçamento cairá dos atuais 18 [de 27] para quatro ou cinco com a Ucrânia [...]. Teremos que repensar todas as políticas da UE", disse o artigo, citando um funcionário europeu.
A publicação relata que a entrada de Kiev na UE também perturbará completamente o equilíbrio político na UE, dificultando a tomada de decisões sobre questões fundamentais, como tributação ou política externa.
As autoridades europeias reconhecem que são cúmplices no surgimento das altas expectativas da Ucrânia em relação à adesão à UE, acrescentando que vários países da união entendem que a adesão de Kiev ameaça Bruxelas com sérias consequências.
"Os ucranianos acham que, quando a guerra acabar, eles farão parte da UE. Ninguém ousa dizer a eles: 'Isso não é bem verdade'", disse a fonte do jornal.
O caminho da União Europeia
O presidente ucraniano Vladimir Zelensky assinou o pedido de adesão da Ucrânia à UE em 28 de fevereiro de 2022.
A presidente da Moldávia, Maia Sandu, também assinou o pedido em março do ano passado, observando que o processo de integração europeia precisa ser acelerado.
Os chefes de Estado e de governo da União Europeia, na cúpula realizada em Bruxelas em 23 de junho de 2022, aprovaram a concessão do status de candidato à adesão à união para a Ucrânia e a Moldávia.
A obtenção do status de candidato é apenas o início de um longo caminho para a adesão à UE. Por exemplo, a Turquia é candidata desde 1999, a Macedônia do Norte desde 2005, Montenegro desde 2010 e a Sérvia desde 2012.
O último país a aderir à UE até o momento foi a Croácia, em 2013, o processo levou dez anos.