Panorama internacional

Tensões EUA-China podem atingir países da região do Sul da Ásia, segundo oficial da Índia

Na opinião de um veterano indiano, os avanços dos EUA no oceano Índico, particularmente com países como a Índia, podem trazer problemas a países como o Bangladesh, Mianmar e Sri Lanka.
Sputnik
Um ex-oficial da Diretoria de Inteligência Militar da Índia disse à Sputnik que o "agravamento" das tensões entre Pequim e Washington no mar do Sul da China pode se espalhar para a Região do Oceano Índico (IOR, na sigla em inglês) e afetar a dinâmica regional na região do Sul da Ásia.

"A maior parte do Sul da Ásia [com exceção do Paquistão] e a Região do Oceano Índico [IOR] agora fazem parte do Comando Indo-Pacífico dos EUA [USINDOPACOM]", destacou o coronel reformado R. Hariharan, que supervisionou as operações de inteligência do Exército da Índia no Sul da Ásia.

"[...] Uma maior coordenação e cooperação entre suas marinhas [dos EUA e da Índia] significa maior preocupação, especialmente quando essas potências menores [Bangladesh, Mianmar e Sri Lanka] estão tentando equilibrar seu relacionamento com a crescente presença da China no sul da Ásia", observou o veterano do Exército, que também fez parte da Força de Manutenção da Paz da Índia (IPKF, na sigla em inglês) no Sri Lanka na década de 1980.
À exceção da Índia e do Butão, todos os outros países do Sul da Ásia fazem parte do projeto Um Cinturão, Uma Rota, apoiado por Pequim. A China também está entre os dois maiores parceiros comerciais de todos os países da região, incluindo a Índia.
Panorama internacional
UE e EUA montam reunião com países do Sul Global para pressionar 'neutralidade'; Brasil comparecerá
Hariharan advertiu que, como Nova Deli era o único membro do Quad que compartilha uma "longa fronteira" com Pequim, e devido ao impasse militar entre os dois, isso torna a Índia uma "parceira importante" nos cálculos estratégicos dos EUA para competir com a China.

'Aumento da coordenação' militar entre a Índia e os EUA

O especialista previu um "nível crescente de coordenação" entre as marinhas da Índia e dos EUA nos próximos meses.
R. Hariharan observou que os EUA e a Índia já assinaram todos os quatro "pactos fundamentais" que Washington pede a um país para fornecer-lhe tecnologia militar avançada. Esses pactos são:
Acordo de Segurança Geral de Informações Militares (GSOMIA, na sigla em inglês);
Acordo Básico de Intercâmbio e Cooperação (BECA, na sigla em inglês);
Acordo de Segurança e Compatibilidade de Comunicações (COMCASA, na sigla em inglês);
Memorando de Acordo de Intercâmbio Logístico (LEMOA, na sigla em inglês).
Hariharan notou que, com o LEMOA, Washington poderia usar as bases navais indianas para reparos e manutenção.

"O COMCASA prevê a comunicação segura entre as duas partes. Mas, o mais importante é o Acordo Básico de Intercâmbio e Cooperação [BECA] assinado em 2020, que permite o compartilhamento de informações geoespaciais e melhora a eficiência operacional dos equipamentos dos EUA usados pela Índia", comentou o ex-oficial indiano.

Além disso, o especialista referiu que Nova Deli e Washington concluíram o Acordo Principal de Reparo de Navios para potencialmente tornar a Índia em um "centro de manutenção e reparo para os ativos da Marinha dos EUA implantados no exterior".
Panorama internacional
Após deslumbrar Modi com jantar de gala, EUA pedem à Índia maior cooperação no mar do Sul da China
Hariharan mencionou ainda que os EUA designaram Nova Deli como um "importante parceiro de defesa" e a trataram "no mesmo nível" de um aliado da OTAN.
Ao mesmo tempo, o governo indiano rejeitou as propostas de Washington de a integrar no acordo OTAN+5.
A Estratégia de Segurança Nacional (NSS, na sigla em inglês) da Casa Branca, divulgada em 2022, descreveu Pequim como o desafio global "mais consequente" dos EUA.
Comentar