Os Estados Unidos divulgaram nesta sexta-feira (7) um novo pacote de assistência militar para a Ucrânia, o qual inclui munições cluster, também conhecidas como bombas de fragmentação, anunciou o Departamento de Defesa.
"Hoje [7], o Departamento de Defesa anuncia assistência de segurança adicional para atender às necessidades críticas de segurança e defesa da Ucrânia. Este pacote fornecerá à Ucrânia sistemas de artilharia e munições adicionais, incluindo munições de fragmentação, sobre as quais o governo realizou extensas consultas com o Congresso e nossos aliados e parceiros", disse o comunicado do departamento.
O novo pacote de armas terá sistemas de defesa aérea Patriot, mísseis AIM-7 para defesa aérea e sistemas antiaéreos Stinger, 32 veículos de combate de infantaria Bradley e 32 veículos blindados de transporte de pessoal Stryker, informou o Pentágono.
A ajuda, no valor de US$ 800 milhões (R$ 3,8 bilhões) é o 42º pacote aprovado pelos Estados Unidos para a Ucrânia desde o começo da operação russa, totalizando mais de US$ 40 bilhões (R$ 194 bilhões) em ajuda militar.
O conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, disse que os EUA reconhecem "que as munições cluster criam um risco de dano civil devido a munições não detonadas. É por isso que adiamos a decisão o máximo que pudemos".
"É uma decisão difícil, [...] houve uma recomendação unânime da equipe de segurança nacional, e o presidente Biden finalmente decidiu, em consulta com aliados e parceiros e com membros do Congresso, avançar nesta etapa", afirmou.
Ainda segundo Sullivan "a Ucrânia forneceu garantias por escrito de que vai usá-las de maneira muito cuidadosa para minimizar os riscos aos civis, incluindo que não usarão em áreas urbanas com civis e que registrarão exatamente onde usarão essas munições".
Kiev pediu munições cluster para disparar contra posições russas com tropas entrincheiradas. No passado, a Ucrânia instou os membros do Congresso dos EUA a pressionarem o governo Biden para aprovar o envio deles.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, é contra o uso contínuo de munições cluster, disse um porta-voz da ONU hoje (7) quando questionado sobre o anúncio dos EUA. A Alemanha também se posicionou e disse ser contra o envio.
Já o conselheiro disse também no briefing de hoje que Washington consultou seus aliados sobre a decisão e eles a entenderam.
"Consultamos de perto aliados para decidir fazer isso [...] e até mesmo aliados que são signatários da Convenção de Oslo, embora não possam apoiar formalmente algo contra o qual assinaram […]."
Washington entregará as munições cluster à Ucrânia dentro do período de tempo relevante para a chamada contraofensiva de Kiev, disse o subsecretário de Defesa para Políticas, Colin Kahl, nesta tarde (7).
"A única coisa que direi é que eles entregarão [as munições cluster] em um prazo relevante para a contraofensiva", declarou.
Kahl também informou que os EUA enviarão suas "mais modernas" munições cluster, com taxas de "insucesso" abaixo de 2,35%. O subsecretário diz que há duas razões principais por trás da decisão de incluir munições cluster neste último pacote de ajuda armamentista à Ucrânia.
Uma delas é a "urgência do momento", uma vez que a contraofensiva ucraniana "está indo mais devagar do que o esperado".
"Queremos garantir que os ucranianos tenham artilharia suficiente para mantê-los na luta no contexto da atual contraofensiva e porque as coisas estão indo um pouco mais devagar do que alguns esperavam."
As munições cluster são proibidas em mais de 100 países. Eles normalmente liberam um grande número de pequenas bombas que podem matar indiscriminadamente em uma área ampla e aquelas que não explodem representam um perigo por décadas após o término do conflito.
Moscou comenta decisão
A Rússia responderá duramente ao fornecimento de munições de fragmentação dos Estados Unidos à Ucrânia, disse o presidente do comitê internacional do Conselho da Federação (o Senado russo), Grigory Karasin, à Sputnik.
"Um novo passo para a escalada da situação em torno da Ucrânia, à qual a resposta [da Rússia] será muito dura. Espero que a comunidade internacional tome conhecimento da situação, que está se tornando cada vez mais alarmante e causa sérias preocupações sobre como a situação está se degradando", disse Karasin.
Já o chefe da Comissão dos Assuntos Internacionais da Duma de Estado (câmara baixa do parlamento russo), Leonid Slutsky, disse que a resposta "virá inevitavelmente".
"Os EUA estão lutando não com suas próprias mãos e não em seu próprio território. A Rússia, tenho certeza, responderá inevitavelmente. Qualquer fornecimento de equipamento militar ocidental ainda é um alvo legítimo para as Forças Armadas russas", disse Slutsky a repórteres.
Adesão à OTAN
Sobre a próxima cúpula da OTAN, que acontece em Vilnius na semana que vem, Jake Sullivan sublinhou que a Ucrânia não se juntará à Aliança Atlântica.
"A Ucrânia não se juntará à OTAN após esta cúpula, vamos discutir quais medidas são necessárias", afirmou.
Kiev tem pressionado a OTAN para adesão e, nas últimas semanas, tanto Vladimir Zelensky quanto membros de seu governo tem dito que a Aliança Atlântica "não deve termer a Rússia".